Dezenas de manifestantes invadiram o prédio da reitoria da Unicamp, nesta terça-feira (16), em protesto contra a autarquização do Hospital de Clínicas, atualmente gerido de forma conjunta pela instituição.
Estudantes, servidores da saúde e apoiadores acessaram o prédio por uma porta lateral do terceiro andar, que estava bloqueada com tapumes. A estrutura está passando por obras e a entrada no local foi feita por um andaime das reformas.
Os manifestantes ocuparam a sala do Conselho Universitário, onde seria realizada uma reunião sobre a mudança da gestão da saúde, entre a reitoria e outros representantes da universidade, o Sindicato dos trabalhadores da categoria e representantes dos servidores.
Com a invasão, a reunião foi cancelada. Os manifestantes organizaram uma plenária e informaram que vão permanecer ocupando o prédio da reitoria. Também citaram tratativas para pedir o impeachment do atual reitor da instituição, Paulo Cesar Montagner.
Desde a segunda-feira, os funcionários entraram em greve contra a autarquização da saúde na instituição pública. O protesta nesta terça reuniu mais de 200 pessoas.
Autarquização é polêmica
De acordo com informações do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, cerca de 30% dos servidores da saúde estão paralisados, e funcionários se revezam nas áreas hospitalares para garantir a manutenção dos serviços. O sindicato informou que as áreas com maior impacto são os ambulatórios e as cirurgias eletivas.
Procurado, o Hospital de Clínicas afirmou que está com todas as atividades assistenciais eletivas e de urgência normais. A Reitoria informou que não há paralisação das atividades na Unicamp.
Hoje, a área da saúde faz parte do organograma da Unicamp, e a universidade é responsável pelo custeio, que deve chegar a cerca de R$ 1,1 bilhão em 2025. A proposta segue modelos já adotados nas Faculdades de Medicina da USP, há quatro décadas, e da Unesp, em Botucatu, desde 2010.
Pelo projeto, será criada uma autarquia chamada Hospital de Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp), que vai reunir oito órgãos, incluindo o Hospital Central e o Hospital da Mulher Caism. A estrutura terá presidência, conselho deliberativo e órgãos técnicos e administrativos. O conselho será formado por nove membros: presidente do HC-Unicamp, diretor e vice-diretor da Faculdade de Ciências Médicas, representantes das faculdades de Enfermagem, Ciências Farmacêuticas e Odontologia, além de um representante dos servidores.
A mudança busca aliviar os custos da universidade e garantir recursos para ampliar cursos, abrir novas vagas e contratar servidores. Até 2036, o plano prevê mais de 11,5 mil novos estudantes, contratação de 614 docentes e 1.390 funcionários, além de investimentos em prédios e laboratórios.
O projeto começou a ser discutido em setembro, após sinal verde do governo estadual, e foi apresentado à comunidade universitária em reuniões realizadas entre novembro e dezembro.




