O preço do etanol voltou a subir nos postos de combustíveis de Campinas e tem chamado a atenção dos motoristas. Em cerca de um mês, o litro do biocombustível saiu da casa dos R$ 3 e já ultrapassa os R$ 4 em alguns estabelecimentos, uma variação que pode chegar a até R$ 0,40, dependendo do local. O aumento é confirmado por dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e também foi observado nas bombas, tanto em postos com bandeira quanto nos independentes.
Levantamento da ANP mostra que, em novembro, ainda era possível encontrar o etanol sendo vendido por menos de R$ 4 em Campinas. Nas últimas semanas, no entanto, o preço médio subiu e já supera essa marca em diversos pontos da cidade. Motoristas relatam que a diferença, mesmo parecendo pequena, pesa no bolso, principalmente para quem abastece com frequência.
O impacto é ainda maior para profissionais que dependem do carro diariamente, como motoristas de aplicativo, que afirmam sentir rapidamente qualquer reajuste no valor do combustível. Apesar disso, muitos ainda consideram o etanol mais vantajoso do que a gasolina, mesmo com a alta recente.
Especialistas apontam que o aumento do preço tem relação direta com a sazonalidade do setor sucroenergético. O fim da safra da cana-de-açúcar, aliado ao período de maior consumo no final do ano, com férias e viagens, pressiona os preços. Além disso, o mercado passa a operar com estoques de passagem, o que naturalmente reduz a oferta até o início da próxima safra.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Esalq/USP, indicam que os preços do etanol nas usinas seguem em alta contínua há cerca de dois meses. Segundo o instituto, a oferta mais restrita no mercado spot e a demanda aquecida elevaram os valores negociados entre usinas e distribuidoras. No caso do etanol hidratado, o produto já acumula várias semanas consecutivas de alta, atingindo o maior patamar nominal da atual safra.
Esse movimento nas usinas acaba sendo repassado ao longo da cadeia de distribuição, chegando ao consumidor final nos postos de combustíveis. Embora o repasse nem sempre ocorra na mesma proporção, o aumento acaba sendo sentido pelos motoristas.
Em nota, a Refinaria de Paulínia (Recap) informou que não monitora os preços praticados na revenda, mas destacou que o período de entressafra da cana-de-açúcar reduz a oferta de etanol e contribui para a elevação dos preços. A empresa também lembrou que o aumento do percentual de etanol anidro na gasolina, de 27% para 30%, pode pressionar tanto o preço da gasolina quanto o do etanol hidratado.
A expectativa do setor é de que os preços dos combustíveis sigam pressionados pelo menos até o início da próxima safra, entre março e abril do próximo ano.




