Dados do Centro do Professorado Paulista revelam que, de janeiro a setembro deste ano, mais de 25 mil licenças médicas foram concedidas a professores por transtornos mentais e comportamentais. A região de Campinas é a segunda do ranking no estado, com mais de 3.300 afastamentos.
Os motivos dos afastamentos das salas de aula por problemas emocionais são variados, como sobrecarga, condições precárias de trabalho, estresse acumulado e pressão da gestão.
Entre janeiro a setembro deste ano, foram 25.699 licenças médicas classificadas como “CID-10”, código usado para transtornos mentais e comportamentais, de acordo com o Centro do Professorado Paulista, via Lei de Acesso a Informação.
Em média, os profissionais ficam 35 dias fora quando pedem afastamento. Só na região de Campinas, foram 3.356 licenças concedidas nesse ano. Uma média de 12 por dia, ocupando o segundo lugar em todo o estado nos afastamentos de professores por saúde mental.
Uma professora da rede estadual, que teve a identidade preservada, é um desses casos. Ela afirma que os problemas começaram neste ano, depois de uma mudança de gestão na escola.
O diagnóstico de Burnout saiu em setembro. A docente ficou alguns dias de licença e, quando retornou, tentou dar aula, mas acabou surpreendida por um pedido da própria diretora, que tentou fazer a professora pedir demissão depois do afastamento médico.
O diretor jurídico do Centro do Professorado Paulista, Marcio Calheiros, explica que até mesmo na hora de buscar ajuda há descaso com os profissionais de ensino.
Em nota, a Secretaria Estadual da Educação disse que mantém ações de cuidado aos servidores com mais de 650 mil atendimentos psicológicos e psiquiátricos para profissionais da rede. Afirmou que todos os pedidos de afastamentos passam por perícia individual e não têm relação com processos de desligamentos. Reforçou ainda o repúdio a qualquer forma de assédio, orientando que as denúncias sejam registradas pelos canais oficiais.
