Retrospectiva 2025: Consagração, autarquização, confusão, atrasos e incêndio marcaram o ano

Foto: Antonio Scarpinetti/SEC-Unicamp

Em 2025, a Unicamp consagrou dois grandes nomes da música brasileira com títulos de Doutor Honoris Causa.

Em 6 de março, o grupo Racionais MC’s — formado por Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay — recebeu a honraria em uma cerimônia no Centro de Convenções da Unicamp. A universidade reconheceu a importância do grupo na reflexão sobre desigualdades sociais e no combate ao racismo no Brasil, destacando a trajetória cultural e interação com o pensamento social nacional. Não sem polêmica, claro. Houve quem fosse contra a condecoração, discussões entre professores e alunos. Até que finalmente a honraria foi dada.

Já no fim do ano, com bem menos rejeição, Milton Nascimento foi condecorado com o mesmo título pela Unicamp, em uma homenagem que ressaltou a contribuição dele para música e à cultura brasileiras, aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário.

Ainda na Unicamp, um dos debates mais intensos em 2025 –e que ainda continua– é o da proposta de transformar a área da saúde da Unicamp em uma autarquia pública, batizada de Hospital das Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp). O objetivo é dar autonomia administrativa e financeira à gestão hospitalar, vinculando-a à Secretaria de Estado da Saúde (SES), aliviar o pesado custo que hoje recai sobre a universidade e permitir a expansão de ensino, pesquisa e atendimento.

O projeto inclui integrar unidades como o Hospital de Clínicas e o Caism em um único complexo sob a nova autarquia, mantendo atendimento pelo SUS.

Neste mês, o Conselho Universitário da Unicamp chegou a votar parte do projeto, mas a proposta ainda foi retirada de pauta para novas discussões. Só que no dia 16, quando o projeto seria discutido novamente em assembleia extraordinária, servidores que estavam em greve contra o projeto invadiram o auditório da reitoria, e a reunião foi suspensa.

E não foi a única notícia que envolveu o HC este ano. Em novembro, os atrasos em repasse de verbas estaduais ao hospital pressionaram o orçamento e cirurgias de pacientes. Dados da Secretaria Estadual da Saúde mostram que os valores que deveriam ter sido enviados ao HC variam entre R$ 9 e 10 milhões mensais, até agosto. Eram quase R$ 76 milhões que, segundo a direção, não chegaram ao hospital apesar de negociações com o governo.

Após anos de atrasos e tentativas frustradas, 2025 foi o ano em que Campinas publicou efetivamente o processo de licitação para o transporte coletivo municipal. A Prefeitura lançou o novo edital, resultado de longas consultas públicas e participação da população, em um processo que pretende modernizar o sistema de ônibus por concessão de 15 anos.

O processo foi precedido por meses de audiências públicas — mais de 700 sugestões da população foram registradas — e teve como base uma minuta de edital aberta à consulta por 90 dias.

Mesmo sendo um passo importante depois de muitos adiamentos, pode ser que só em 2027 vejamos ônibus novos rodando pelas ruas, pois ainda há fases de apresentação de propostas, análise e definição das empresas vencedoras. Isso se a licitação não for considerada deserta novamente no pregão que vai acontecer em fevereiro na B3, em São Paulo.

Em 2025, um problema de logística escolar ganhou ampla atenção na Região de Campinas. Alunos da EMEF Padre Leão Vallerié, no Parque Valença I, foram transferidos provisoriamente para aulas no Colégio Fitel — localizado no bairro Matão, distante mais de 20 km da escola original. Isso fez com que muitas crianças enfrentassem deslocamentos diários de até 50 km e perda de horas de aula, uma situação que gerou reclamações de pais e mobilização na Câmara Municipal.

Os relatos destacaram desgaste físico e emocional das crianças, perda de conteúdo escolar e interrupção das rotinas de aprendizado, motivando discussões sobre a necessidade de melhor planejamento e garantia do direito à educação. A reforma na escola ainda continua, com previsão de conclusão para primeiro semestre do próximo ano. Agora, com o fim das aulas, as crianças não precisam mais enfrentar horas de deslocamento. Ao menos por enquanto.

No dia 23 de julho de 2025, um incêndio de grandes proporções atingiu o Mercado Municipal de Piracicaba, patrimônio cultural tombado e ponto tradicional da cidade. O fogo começou na madrugada e consumiu cerca de um quarto a metade da área construída, destruindo dezenas de boxes e deixando muitos comerciantes sem o local de trabalho.

Não houve vítimas, mas a destruição foi ampla. As equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil trabalharam no rescaldo e na investigação das causas. A Prefeitura autorizou o acesso às áreas preservadas para que os comerciantes organizassem a limpeza e reabastecimento de mercadorias, preparando a reabertura parcial do espaço ainda em julho.

Nos meses seguintes, a gestão municipal instalou boxes provisórios no estacionamento do Mercado para permitir o retorno das atividades dos permissionários afetados. Em novembro, muitas bancas retomaram o atendimento nesses espaços modulares, marcando uma etapa de reconstrução dos serviços enquanto o prédio principal segue em restauração. A previsão é que a obra seja concluída no final do ano que vem.

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