Casa da Gestante: Serviço pioneiro acolhe gestantes em situação de rua há 10 anos

Foto: Samuel Rodrigues/CBN Campinas

A gravidez em situação de rua é uma das expressões mais graves da desigualdade social no Brasil. Em Campinas, um serviço pioneiro completa dez anos mostrando que cuidado integral salva vidas, garante direitos e evita ciclos de violência. A Casa da Gestante, Puérperas e Bebês, mantida pelo Instituto Padre Haroldo em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), se consolidou como referência no acolhimento de mulheres grávidas e mães em extrema vulnerabilidade.

Criada em dezembro de 2015, a Casa da Gestante oferece moradia temporária, alimentação, acompanhamento de saúde, apoio psicológico e articulação com a rede de assistência social. O serviço é financiado pela Secretaria Municipal de Saúde de Campinas e executado pelo Instituto Padre Haroldo, unindo política pública, conhecimento técnico e cuidado humanizado.

Ao longo desses dez anos, a iniciativa mostrou impacto direto na saúde materno-infantil e na garantia de direitos. O acolhimento adequado reduz riscos de complicações na gestação e no parto, evita a separação precoce entre mães e bebês e contribui para a redução de internações e de custos futuros ao sistema público de saúde.

Levantamentos do serviço indicam que já passaram pela Casa da Gestante 158 mulheres, com o nascimento de 69 bebês sob acompanhamento direto da equipe, além do acolhimento de outras 54 crianças, filhos dessas mulheres. O trabalho também se destaca pelo acompanhamento contínuo, que inclui pré-natal, cuidados no puerpério, atualização do calendário vacinal, acesso a métodos contraceptivos, matrícula escolar das crianças e acompanhamento das famílias mesmo após a saída da Casa.

A experiência de Campinas também se tornou objeto de estudo acadêmico, apontando a necessidade de expansão desse modelo para outras cidades brasileiras. A ausência de políticas públicas semelhantes em grande parte do país contribui para práticas que violam direitos básicos, como a retirada automática de bebês de mães em situação de vulnerabilidade, sem a oferta prévia de apoio e acolhimento.

O diferencial da Casa da Gestante está no cuidado integral e individualizado. Cada mulher recebe um projeto terapêutico singular, construído a partir de suas necessidades específicas, envolvendo saúde física, saúde mental, assistência social e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. O serviço atende mulheres do município de Campinas, encaminhadas pela rede de saúde, como centros de saúde, maternidades e equipes do Consultório na Rua.

Além dos resultados na saúde, o serviço também atua na reconstrução de trajetórias de vida. Muitas mulheres conseguem retomar os estudos, acessar cursos profissionalizantes, reorganizar vínculos familiares e sair definitivamente da situação de rua, com acompanhamento técnico e suporte da rede pública.

Após dez anos de funcionamento, a Casa da Gestante, Puérperas e Bebês segue como uma política pública essencial e ainda rara no Brasil. A experiência de Campinas mostra que investir em cuidado humanizado, prevenção e garantia de direitos não é apenas uma resposta à vulnerabilidade extrema, mas uma estratégia eficaz de proteção à vida e de construção de futuros possíveis para mães e crianças.

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