O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) aprovou nesta quinta-feira (18) a criação da autarquia “Hospital das Clínicas”, que vai unificar oito serviços de Saúde gerenciados pela instituição, incluindo o HC (Hospital de Clínicas) e o Caism (Hospital da Mulher).
Foram 41 votos a favor e 34 contra. A decisão foi tomada em uma reunião por videoconferência, depois dos protestos registrados nas duas primeiras tentativas presenciais, na sede da Reitoria.
A “autarquização da Saúde” é contestada por servidores da instituição, que apontam o risco de perda de qualidade e de corte de investimentos.
Já a Reitoria da Unicamp defende que o atual modelo de financiamento é insustentável, e que o modelo de autarquia permite novas fontes de captação de recursos para consolidar o HC como um centro de referência de ensino.
A universidade cita como exemplo a autarquia que gerencia a Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu.
O confronto de ideias pôde ser acompanhado pelos espectadores da transmissão do Conselho. A coordenadora do STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp), Elisiene Lobo, reclamou a falta de paridade na representação dos eleitores do Conselho.
“Gostaria que todos vocês que estão votando a favor colocassem a mão na consciência por questão moral. Não é por título de Doutor, por título de conhecimento. É por questão moral, familiar, com a sociedade de vocês, que esse Magnífico Reitor não teve ao responder ‘Eu não quero’. Ele tem que respeitar, assim como eu, coordenadora do Sindicato, respeito a decisão dos trabalhadores”, declarou.
Para tentar o diálogo, o Reitor da Unicamp, Paulo Cesar Montagner, se comprometeu a assinar uma carta-compromisso de premissas com o Governo do Estado.
O documento promete trazer pontos levantados pelos manifestantes contrários à autarquização da Saúde.
“Por isso também, eu fiz questão de parar hoje e fazer uma carta-compromisso. Quando falo ‘eu’, falo de uma equipe de trabalho que esteve conosco, para que a gente tenha uma carta-compromisso que são premissas de discussão possa ter um platô mínimo dos projetos com o Governo do Estado. Veja: se eventualmente a proposta não for adequada, a Universidade não fará. Ela não fará”, argumentou.

Segundo a Reitoria, a minuta de aprovação vai trazer seis pontos essenciais: a exclusividade do atendimento para o SUS; a garantia de que a Unicamp indique os dirigentes da nova autarquia; o impedimento à mudança do orçamento da Unicamp; e a proteção dos direitos dos trabalhadores no projeto de lei complementar que fizer a regulação da nova autarquia.
A Reitoria da Unicamp também assumiu o compromisso de contratar mais professores e de negociar a extensão dos benefícios aos funcionários da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp).
Depois de recebidas pelo Palácio dos Bandeirantes, as mudanças precisarão ser aprovadas pelos deputados estaduais na Alesp (Assembleia Legislativa).




