Violência sexual contra crianças supera abandono e negligência pela primeira vez em Campinas, aponta SIS9

Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil

Pela primeira vez desde o início da série histórica, os casos de violência sexual contra crianças de até 11 anos superaram as notificações de abandono e negligência em Campinas. Os dados são do novo boletim do SIS9, o sistema de registro de violências da Prefeitura, divulgado nesta quinta-feira.

O levantamento reúne notificações feitas por escolas, unidades de saúde, assistência social e pela segurança pública ao longo de 2024. Segundo o relatório, foram 260 casos de violência sexual no último ano, número que representa um aumento de 122% em relação aos registros de 2019, quando havia 117 ocorrências.
Já os casos de abandono e negligência ficaram em 249, ainda em patamar alto, mas pela primeira vez abaixo dos abusos.

Caso recente reforça alerta

A divulgação do boletim ocorre um dia após um episódio grave na cidade. Um menino de um ano e quatro meses deu entrada na UPA Campo Grande com uma lesão grave no rosto, na noite de quarta-feira (4).
Segundo o boletim de ocorrência, o padrasto levou a criança ao atendimento dizendo que havia deixado o bebê sozinho em casa por alguns minutos.

O menino chegou a sofrer uma parada cardiorrespiratória e foi transferido para o Hospital Mário Gatti, onde permanece internado. A mãe e o padrasto foram presos em flagrante por abandono de incapaz e omissão de socorro, e a prisão foi convertida em preventiva.

Escolas são responsáveis pelo salto nas denúncias

A coordenadora do SIS9, Juliana Bassul, explica que parte do aumento das notificações de abuso sexual está diretamente ligado ao olhar mais atento das escolas. Após capacitações em 2023, a Secretaria de Educação ampliou de forma significativa a identificação de comportamentos suspeitos.

As notificações feitas pela rede municipal saltaram de 5 registros em 2019 para 85 em 2024.

Segundo Juliana, “quando você capacita as pessoas e elas se empoderam daquele poder que elas têm enquanto instituição de observar aquela criança dentro da escola ou dos locais que ela perpassa, e se essa criança está com um comportamento de exacerbação da sexualidade ou agressivo, você no SIS9 pode notificar com uma suspeita e encaminhar para a rede de proteção”.

Ela reforça que o objetivo é fortalecer a articulação entre Conselho Tutelar, Saúde, Educação e Assistência Social para interromper ciclos de violência o mais cedo possível.

Os dados do SIS9 reforçam a importância de ampliar a rede de proteção. Especialistas defendem que a capacitação contínua nas escolas, tanto na rede municipal quanto na particular, é fundamental para detectar sinais precoces de violência.

A Prefeitura informou que deve ampliar os treinamentos com diretores, professores e funcionários, além de fortalecer a articulação entre assistência social, saúde e educação.

O caso do menino de um ano e quatro meses segue em investigação, e o estado de saúde dele não foi atualizado pelo hospital até a publicação desta reportagem.

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