O prefeito de Campinas, Jonas Donizette, se pronunciou sobre as escutas telefônicas que citam o nome dele e que compõem a denúncia do Ministério Público que aponta desvio de verba da saúde, por parte da Vitale – a organização social que administrava o Hospital Municipal Ouro Verde.
Em telefonemas, empresários supostamente negociavam favorecer a OS. Jonas nega envolvimento.
Uma das citações ocorre em um telefonema entre Ronaldo Foloni, então diretor geral da Vitale e Gustavo Khattar de Godoy. Esse último passa o telefone para o pai, Sylvino de Godoy Neto, diretor-presidente do Grupo Rede Anhanguera de Comunicação/Correio Popular.
E é o diretor do jornal que narra uma sucessão de conversas que podem comprometer o prefeito de Campinas.
Ele diz que falou com o Secretário de Assuntos Jurídicos, Silvio Bernardin e com prefeito para liberar mais recursos para a OS quitar dívidas com fornecedores. Cita até que Jonas teria falado que “tem recursos que estão entrando e que até o final de novembro deve estar com uma situação melhor de caixa”.
Jonas Donizette destaca que não fez esses repasses.
O processo da licitação em que a Vitale saiu vencedora também é colocado em xeque.
Em um trecho, Foloni menciona ter ouvido de Gustavo, o filho do diretor do Jornal, que “a Vitale só havia vencido o certame em Campinas graças à intervenção do seu pai com o prefeito Jonas Donizette”. A troca teria sido o jornal Correio Popular “cessar as matérias negativas” envolvendo a saúde municipal e a prefeitura garantir que a OS “contraria os serviços de imagem de Gustavo”, que é médico e proprietário de um centro de exames por imagens.
Jonas disse que como prefeito não tem participação alguma nos processos de licitação.
A conversa entre Sylvino e o diretor geral da Vitale, Ronaldo Foloni, continua nas transcrições da investigação. Em uma parte, o diretor-presidente do Grupo Rac chega a dizer que fez uma “boa pressão” considerando que “editorialmente isso vai pesar muito contra o Jonas”.
O prefeito de Campinas afirma que diretamente não sofreu pressões ou ameaças do grupo de comunicação.
Jonas Donizette também defende o secretário de Assuntos Jurídicos, citado nas ligações, Silvio Bernardin.
Durante coletiva de imprensa sobre as escutas telefônicas que citam Jonas Donizette, o prefeito de Campinas em todas as respostas ressaltou que defende as investigações e colabora com elas.
Questionado sobre a CPI proposta por vereadores da oposição para apurar a situação do Ouro Verde e que, em uma primeira tentativa, foi barrada pela base aliada, Jonas preferiu não comentar.
O caso é investigado pela Procuradoria Geral de Justiça.
No dia 30 de novembro, a Operação Ouro Verde do Gaeco foi deflagrada, com seis presos, que tiveram as prisões preventivas decretadas. Naquele dia, houve a apreensão de R$ 1,2 milhão, na casa do funcionário público Anésio Corat Júnior que era o diretor de contas da Secretaria de Saúde. Na casa do ex-diretor técnico da Vitale, Fernando Vitor Torres Nogueira Franco, dois carros de luxo foram apreendidos.
A prefeitura exonerou o servidor e rompeu com a OS, passando emergencialmente a gestão do Ouro Verde para o presidente do Mário Gatti, Marcos Pimenta.