O cirurgião cardíaco Carlos Lavagnoli corria contra o tempo quando pediu ajuda ao soldado Lucinei Araújo da Polícia Militar na tarde da última terça-feira. Ele precisava levar o coração de um doador que havia morrido no Hospital da PUC Campinas para uma paciente que esperava pelo órgão no HC da Unicamp.
São 22 km de distância entre os dois locais. Mas para piorar, a chuva e o trânsito lento atrasaram a ambulância que costuma fazer esse tipo de transporte. Sem saber se o veículo da Secretaria Estadual de Saúde chegaria a tempo e pensando na vida da mulher que o aguardava, viu uma viatura da PM no local.
O médico explica que o coração suporta até quatro horas entre a remoção e a reimplantação, mas que é indicado que isso seja feito o mais rápido possível. A agilidade garante, por exemplo, a eficácia da adaptação ao novo corpo. Por isso diz que ficou aliviado quando recebeu o apoio dos policiais militares.
Dentro do carro, conta que se manteve tranquilo e focado principalmente em orientar e informar às equipes para que o trabalho fosse sincronizado. Mas tudo terminou bem. O trajeto durou 13 minutos. O transplante no HC começou às 18h01. Vinte e nove minutos depois, o coração bateu novamente.
A receptora é uma mulher de 56 anos que estava internada há sete meses por problemas causados pela doença de chagas e com o coração em falência. Atualmente, se recupera bem e deve deixar a UTI em breve. Ela está consciente e recebeu a visita do policial responsável pelo transporte do órgão que recebeu.
O soldado Lucinei Araújo do 47º Batalhão da PM foi quem dirigiu a viatura. Ao relembrar o que fez, diz ter usado todo conhecimento que tem sobre atalhos. Ele também classifica a ocorrência como “diferente de todas as outras que já fez” e demonstrou emoção e satisfação ao saber que ajudou a salvar uma vida.
