O analista político Wagner Romão não acredita na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o caso envolvendo a ex-gestora do Hospital Ouro Verde e agentes públicos de Campinas devido ao período eleitoral.
Para o professor da Unicamp, a proximidade da eleição é mais um motivo que impede que a apuração na Câmara seja aprovada, mesmo após delações premiadas reforçarem os indícios de ligação da Prefeitura com o escândalo.
Na opinião de Romão, a formação da maioria no Legislativo deve prevalecer e impedir que a CPI tenha votos suficientes. Por outro lado, acredita que somente a pressão e as cobranças da população mudariam o atual panorama da Casa.
Proposto inicialmente pela oposição no final de 2017, logo após a primeira operação do Gaeco do Ministério Público contra os desvios de ao menos R$ 4,5 milhões da saúde, o dispositivo foi barrado pela base de apoio do governo.
Na época, uma Comissão de Representação foi formada pela situação para acompanhar o caso e buscar documentos para detalhar a gestão exercida pela Vitale. A OS, aliás, é citada pelo professor como motivo para a criação da CPI.
Wagner Romão argumenta que a comissão de vereadores poderia não só investigar de maneira independente, mas também evitar irregularidades ao discutir o modelo de gestão, adotado também em outros setores e municípios.
Para argumentar o barramento da proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito, o vice-líder de governo na Câmara, Zé Carlos, do PSB, disse que não vai assinar o pedido porque os promotores já investigam o caso do Ouro Verde.
Enquanto isso, ele e outros vereadores da base do prefeito Jonas Donizette dizem ter a intenção de ouvir nas próximas semanas os secretários municipais de Saúde, Cármino de Souza, e de Assuntos Jurídicos, Sílvio Bernardin.
Envolvido nas gravações telefônicas feitas pelo MP, o nome de Bernardin, voltou a aparecer nos depoimentos de quatro réus ligados à cúpula da Vitale. Ele teria feito exigências de contratação de pessoal e empresas a OS.