Os preços do leite e dos derivados devem subir pelo menos até agosto. Isso porque o inverno gera anualmente uma alta e os valores já sentem os reflexos das incertezas desde o início da pandemia do novo coronavírus.
A “Média Brasil” líquida em maio chegou a R$ 1,37 o litro, recuos de 4,7% frente a maio e de 10,8% em relação ao mesmo mês de 2019. Mas a menor oferta deve elevar as cotações dos produtores ao longo de junho.
A projeção é da pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, Natália Grigol, que cita a redução do poder de compra por conta da retração imposta há pouco mais de há três meses.
“Não há espaço para se pensar em quedas nos próximos dois meses. Existe sim uma limitação de ofertas que pode gerar elevação. Porém, se a demanda não absorver, podemos ter altas tímidas e estabilização”, aponta.
Grigol explica ainda que a entressafra causada pela seca na estação fria também faz com que a perspectiva seja de sustentação dos preços no campo justamente pelo acirramento da compra da matéria-prima na baixa produção.
Segundo a especialista do Cepea, as crises sanitária e econômica fizeram com que as indústrias reduzissem o investimento em estoques de leite em abril, o que gerou pressão nas cotações do leite no campo em maio.
A menor oferta de matéria-prima no mês passado intensificou a redução dos estoques de longa-vida, muçarela e leite em pó, que já estavam limitados em abril por conta das incertezas geradas pela pandemia de covid-19.
“Em longo prazo a gente observa essa tendência negativa para o consumo por conta dos efeitos da pandemia. Ainda que a gente tenha essa variável da oferta limitada, a força desse fator será controlada pela demanda”, diz.