Descontrole da pandemia prejudica protocolos do esporte

Um estudo feito na USP (Universidade de São Paulo) analisou os resultados de exames RT-PCR feitos pela Federação Paulista de Futebol entre junho e dezembro de 2020. 30 mil atletas de oito torneios realizados foram testados. A taxa de infecção foi de 12%, número maior do que entre a população no estado de São Paulo.
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Um estudo feito na USP (Universidade de São Paulo) analisou os resultados de exames RT-PCR feitos pela Federação Paulista de Futebol entre junho e dezembro de 2020. 30 mil atletas de oito torneios realizados foram testados. A taxa de infecção foi de 12%, número maior do que entre a população no estado de São Paulo.

Em entrevista ao Saúde em Foco da CBN São Paulo, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade e um dos responsáveis pelo estudo, Bruno Gualano, afirmou que os protocolos no futebol brasileiro não são seguros e que a pandemia não está controlada no país.

“Em razão desse descontrole de transmissão comunitária, não há protocolo que dê conta. A não ser que se faça o que se fez lá atrás nos Estados Unidos, por ocasião da NBA, que foram as bolhas sanitárias, que foram capazes de isolar o esporte da transmissão comunitária descontrolada. A bola sanitária aqui só pode ser de sabão, porque ela é furada, não existe isolamento, distanciamento da comunidade. Há essa interação, os jogadores de futebol tem uma vida social ativa, como a gente sabe, mas além disso há viagens, refeições comunitárias, a prática de treinamento…”

Os campeonatos estaduais e nacionais seguem com o calendário previsto e respeitam as regras impostas pelas autoridades como a Federação Paulista (FPF) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

No entanto, sabemos que nenhum protocolo é 100% seguro. Temos exemplos dos times de Campinas. Em janeiro deste ano o Guarani teve um surto e 17 jogadores foram infectados. Já na Ponte Preta o problema foi ainda maior. Em março 32 profissionais, sendo 18 atletas, testaram positivo para a Covid-19.

E as preocupações não são apenas com o futebol. As Olimpíadas começam dia 21 de julho, com cerimônia de abertura dia 23, e a tensão no país é grande. Parte da população é contra os Jogos e a capital Tóquio vai continuar em estado de emergência até 22 de agosto, devido aos números de novos casos da doença.

Para que tudo corra bem, o Comitê Olímpico Internacional (COI) estabeleceu uma série de regras, entre elas a limitação de torcedores. Com relação as equipes, todos os atletas vão ser testados diariamente e em caso de confirmação, o jogador será isolado.

Para o doutor André de Freitas, epidemiologista, há sim o risco de contágio nos Jogos Olímpicos, mas o Japão está preparado e as regras são mais rígidas do que no Brasil.

“O protocolo seguido no Japão é bastante mais rigoroso que o nosso, sabe? Embora eu acho que realmente o momento não é adequado para se fazer uma Olimpíada, as medidas de contenção que estão sendo tomadas lá elas não são nem parecidas com as nossas. Os atletas serão testados diariamente e já está vigorando em Tóquio uma medida bastante restritiva de circulação de pessoas. A cultura japonesa é bem diferente da nossa, em termos de respeitar as normas.”

Ainda sobre os Jogos de Tóquio, seis cidades não vão receber os fãs e três vão liberar 50% do público, com máximo de 10 mil pessoas, respeitando o distanciamento social e o uso de máscaras. Vale lembrar que apenas moradores do país poderão assistir as Olimpíadas.

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