O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a redução do intervalo entre as doses da vacina da Pfizer deve acontecer no Brasil. No entanto, a mudança vai ocorrer somente após a vacinação de todos os adultos, maiores de 18 anos, com a primeira dose. A afirmação foi dada por ele na última terça-feira.
Atualmente as doses da Pfizer são aplicadas com intervalo de 90 dias, mas a bula do imunizante prevê o período de 21 dias entre a primeira e a segunda dose.
De acordo com Queiroga, o intervalo de aplicação da vacina no Brasil foi escolhido para ser de 90 dias devido ao objetivo em avançar com a imunização da primeira dose. Agora, com um número maior de unidades disponíveis, o intervalo pode ser reduzido.
Para Renato Kfouri, Diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o período pode ser menor, mas não apenas em três semanas.
“No momento de franca disponibilidade de vacinas, onde podemos escolher que intervalo utilizar, talvez a estratégia melhor, até para se obter uma melhor cobertura… quanto mais curto é o intervalo, menor é a taxa de abandono, as pessoas não se esquecem de voltar. Talvez valha a pena a discussão para uma redução, quem sabe não para três semanas mas para seis ou oito.”
O especialista reforça que apesar da mudança, todas as pessoas vacinadas com a Pfizer em intervalo de 90 dias estão protegidas da mesma maneira e diz ainda que o período maior é mais benéfico.
“O intervalo de três meses é suficiente para mantê-lo protegido até que faça a segunda dose. O que acabou se demonstrando é que, eventualmente, esses intervalos mais longos são até mais benéficos do que intervalos tão curtos. Então essa é a discussão que nós vamos fazer. O que a gente fez no começo por talvez uma necessidade de vacinar mais pessoas, talvez, hoje os dados apontam que parece haver uma vantagem em intervalos um pouco maiores do que três semanas no caso da vacina da Pfizer e no caso da Astrazeneca isso já está muito bem demonstrado.”
Com relação ao tema terceira dose contra a Covid-19, o Brasil e o mundo ainda realizam estudos. O Ministério da Saúde Pública do Uruguai, por exemplo, anunciou na última quarta-feira que todos os vacinados completamente com a Coronavac vão receber uma terceira dose da Pfizer. Kfouri alerta e pede cautela.
“Todos esses estudos serão feitos, estão sendo feitos no Brasil e fora dele para entender, se houver um dia necessidade de revacinação, qual será o melhor esquema de vacinação para completar ou reforçar ou para atualizar a vacinação, se for o caso de uma vacina de formulação diferente contemplando as variantes. Não há nenhuma justificativa hoje para cogitar a terceira dose para alguém no país.”
Para o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, a população ainda deve respeitar todas as regras sanitárias. Para ele, o único fator que pode flexibilizar a rotina é a taxa de transmissão, que ainda segue alta no Brasil.