Mãe denuncia intolerância contra filha autista em ônibus de Limeira

Foto: Divulgação / Prefeitura de Limeira

Uma mãe e a filha dela, uma menina autista de três anos, foram agredidas verbalmente por uma mulher dentro de um ônibus do transporte coletivo de Limeira na última terça-feira, dia 26. Sirlene Santos é mãe de Ísis, que tem três anos e 10 meses. Buscando superar as barreiras existentes por conta do autismo da filha, Sirlene levou a criança pela primeira vez para andar de ônibus pela cidade.

Elas embarcaram na rua Carlos Gomes, no Centro da cidade. Feliz com a nova experiência, Ísis cantava no ônibus. Porém, o canto incomodou uma passageira, que agiu de forma intolerante e ignorante ao reclamar com Sirlene. “Quando a gente entrou minha filha estava feliz, aquilo era uma superação, e ela começou a cantar, e aí simplesmente uma mulher virou para trás e falou para mim: ‘tem como sua filha calar a boa, pois está me incomodando muito, ou cala a boca dela, ou você desce’, aí eu falei que minha filha é autista, e ela respondeu ‘não me interessa se sua filha é autista ou não”.

Sirlene afirma que outros passageiros do ônibus intercederam, e a mulher então sentou e cessou as agressões verbais. A mãe de Ísis então pediu ao motorista que a deixasse em uma delegacia para ela registrar um boletim de ocorrência. O condutor respondeu que pararia em um terminal, e que lá haveria um Guarda Municipal que poderia auxiliar no registro da ocorrência. Porém, não foi isso o que aconteceu, e Sirlene teve de seguir viagem com a filha chorando muito. “No terminal estava um fiscal da empresa SOU Limeira e falou que a gente tinha de continuar a viagem mesmo naquela situação terrível, minha filha chorando muito, eu chorando, e quando desci no ponto perto da minha casa essa mulher desceu junto e começou a me xingar muito, e fui amparada neste momento por uma mulher que estava dentro do ônibus, aí consegui chegar em casa e não vi essa mulher mais”.

Inconformada com o ocorrido, Sirlene foi até o 1º Distrito Policial de Limeira e registrou um boletim de ocorrência por injúria. No registro ela deixou claro que não obteve nenhum apoio da SOU Limeira, empresa responsável pelo transporte coletivo na cidade.

Ela afirma que jamais havia passado por uma situação como esta anteriormente, e lamenta que a intolerância de terceiros prejudique a integração de Ísis à sociedade. “Eu tenho nem o que falar, estou destruída por dentro, psicologicamente abalada, minha filha está muito assustada, então diante de uma situação dessa eu não posso sair com milha filha em público, não posso ir no shopping, no parque, porque ela vai incomodar as pessoas”.

A CBN entrou em contato com a SOU Limeira, que enviou o seguinte posicionamento sobre o ocorrido:

“Primeiramente, a SOU Limeira lamenta profundamente o ocorrido com a mãe e a criança. A empresa informa que na tarde de terça-feira o motorista da linha 8C parou o veículo no terminal e acionou o fiscal, após a ocorrência envolvendo a mãe de uma criança com autismo e outra passageira, uma senhora. A senhora teria ofendido a mãe, após se incomodar com o fato de a criança estar cantando uma música.

O fiscal foi até o ônibus, abordou os envolvidos e solicitou que a senhora que fez as ofensas descesse do veículo. A senhora se recusou a desembarcar, mesmo com os demais passageiros reiterando o pedido do fiscal.

Uma terceira passageira se ofereceu a ajudar e sentar-se ao lado da mãe durante todo o trajeto, que aceitou e foi acompanhada em seu percurso. O motorista foi orientado que, caso as ofensas persistissem, deveria se dirigir a uma delegacia com todos os envolvidos, porém, o fato cessou.

A SOU Limeira reforça seu compromisso com os usuários do transporte coletivo e se coloca à disposição para demais esclarecimentos.”

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