Os casos suspeitos de leptospirose subiram 332% em Campinas nas oito primeiras semanas do ano no comparativo com o mesmo período do ano passado. Entre 1 de janeiro e 23 de fevereiro de 2022 foram 22 casos suspeitos em Campinas, enquanto neste ano, no mesmo período, houve o registro de 95 casos suspeitos, sendo que 22 foram descartados e 73 seguem em investigação.
A doença geralmente é contraída pelo contato direto ou indireto com a urina de animais, principalmente de ratos, e uma das principais formas de contato é por meio de águas de enchentes, poças ou solos úmidos. Três em cada quatro pacientes afirmaram terem tido contato com água ou lama de enchentes até 30 dias antes do início dos sintomas.
O médico infectologista do Departamento de Vigilância em Saude (Devisa) de Campinas, Rodrigo Angerami, afirma que este tipo de contato também pode trazer doenças como hepatites, diarréia e infecções na pele, mas alerta sobre o risco da leptospirose. “A ressalva em relação à leptospirose é em relação ao seu potencial de gravidade, essa é uma doença que quando ocorre vai ter entre 20% e 30% dos pacientes que podem evoluir para formas graves da doença, e dessa população que vai evoluir para formas graves, 40% tem risco de morrer, então essa é a grande relevância da leptospirose”.
Ele conta que o tratamento é realizado antes mesmo da confirmação da doença. “Tratamento de leptospirose deve ser feito na suspeita, e pra isso há o binômio, aquele paciente que se expôs e apresenta sintomas deve mencionar ao profissional da saúde, que deve ficar atento e perguntar sobre as exposições e risco, para que a suspeita seja feita e o tratamento possa ser introduzido oportunamente”
Por isso o paciente deve ficar atento e mencionar se teve contato com água de inundações ou esteve em alguma situação de risco para a doença, para que o tratamento adequado, com antibióticos, seja realizado, e a leptospirose não seja confundida com outra enfermidade, já que os sintomas são comuns com os de outras doenças. “Essa tríade, febre, cefaleia e dor no corpo também é presente nas formas iniciais da febre maculosa, que é uma doença endêmica para nós, infecções respiratórias como a influenza e a própria covid”, conta Angerami.
Por isso também é importante que os profissionais de saúde estejam preparados e atentos à esta possibilidade, de forma que o diagnóstico seja feito da maneira correta.