A vendedora Aline Moraes Santos trabalha em um quiosque do Terminal Ouro Verde, no Jardim Cristina, e também mora na região, no Jardim Uruguai. Ela se queixa da falta de árvores no trajeto entre casa e trabalho, e também das praças e áreas de lazer da região, que segundo ela, não são arborizadas. No Distrito de Campo Grande, a reclamação de quem usa as praças e áreas públicas é a mesma. O agente de educação infantil Mario César Belon treina na academia ao ar livre da Praça da Concórdia, no Parque Valença, e evita os horários de sol mais intenso. É que faltam sombras pra se esconder.
A percepção dos moradores do Campo Grande e do Ouro Verde está correta. Os dois distritos são as duas regiões mais deficitárias de Campinas quando o assunto é arborização. Um levantamento da Secretaria de Serviços Públicos mostrou que as áreas precisariam de 15 mil novas árvores para atingir o mesmo patamar de outras regiões de Campinas. O déficit de arborização do Campo Grande é de 70%, equivalente à ausência de 5 mil árvores.
As regiões do Campo Grande e do Ouro Verde se desenvolveram rapidamente nos últimos anos, com a expansão imobiliária e a chegada de novas empresas, mas a arborização não acompanhou esse ritmo. Ivan André Alvarez, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, afirma que isso traz uma série de consequências negativas pra quem vive nesses distritos.
Apesar da desigualdade entre as regiões do município, Campinas é a segunda cidade mais arborizada do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Com 88,4% dos domicílios em áreas arborizadas, a cidade perde apenas para Goiânia entre os 15 municípios com mais de um milhão de habitantes.