O morador de um condomínio de Valinhos que fez ofensas racistas a um entregador em 2020 foi apontado com esquizofrenia paranoide e transtorno de personalidade com instabilidade emocional. O laudo é do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc). O caso ocorreu há mais de três anos, em agosto de 2020. O episódio, que foi filmado e viralizou nas redes sociais, gerou uma onda de revolta na região e em todo país.
O motoboy Matheus Pires chamou a Guarda Municipal e os dois foram parar na delegacia. Na época, em entrevista à EPTV, afiliada da Rede Globo, ele contou já tinha sido agredido verbalmente pelo mesmo morador por causa da demora numa entrega. Na segunda discussão, percebeu que estava sendo vítima de um crime.
Na ocasião, o pai do agressor alegou que o filho sofre de esquizofrenia. Na delegacia, ele apresentou um atestado médico de tratamento.
Três anos depois, Mateus Abreu Couto, que mora em Valinhos, não pôde ser condenado criminalmente, por conta do laudo do perito judicial que examinou o réu, e apontou “inteira incapacidade para compreensão do caráter ilícito do fato”.
Mateus passou por perícia no Imesc na capital paulista em 2022. Já havia no processo do caso um laudo médico de agosto de 2021 que indicava que ele tem esquizofrenia paranoide desde 2012 ou 2013 com sintomas “delirantes de grandeza” e que se recusava a fazer o tratamento, alegando que os medicamentos faziam mal a ele.
O acusado foi absolvido por ser inapto a responder por crimes na época, e foi imposta a ele uma medida de segurança de tratamento ambulatorial por dois anos. Apesar de o Ministério Público ter pedido R$ 500 mil em danos morais, não foi determinado o pagamento ao motoboy.