Atualmente com 312 pacientes à espera por cirurgia, a fila para o tratamento de epilepsias no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp é considerada uma das maiores dos últimos tempos, fazendo com que a demora pelo procedimento chegue a dois anos.
Mesmo sendo uma referência internacional para tratamento, treinamento e formação de especialistas na área, o HC da Unicamp tem registrado, em média, um aumento de 30 pacientes por ano.
Já o número de cirurgias vem caindo ano a ano. Desde 2015, 160 procedimentos foram realizados na unidade.
A estudante Ana Carolina Peres sofre com epilepsias desde criança, com pequenas crises. No começo desse ano ela sofreu uma crise mais forte e teve que aumentar a medicação.
O ambulatório realizou 2.569 atendimentos entre janeiro e setembro de 2023, alta de 3,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram 2.482. Os atendimentos de urgência relacionados à epilepsia variam de 60 a 140 por mês, enquanto as internações estão entre 6 a 20 meses.
Um dos principais motivos dessa alta procura por atendimento é o fato do HC ser um dos poucos centros do país que realiza cirurgia para epilepsia. Inclusive, em nota, a unidade defendeu que o cenário de filas é registrado também em países desenvolvidos como Canadá e Inglaterra, e que no Brasil, por conta do tamanho populacional e universalidade do SUS, elas são “inevitáveis”.
Eles também defendem que há uma enorme pressão sobre o HC da Unicamp por conta dos atendimentos de urgência e emergência que ocupam leitos das enfermarias e das UTIs, e que muitos dos pacientes encaminhados pela urgência ao HC são de casos menos complexos, e que “deveriam ser tratados em hospitais secundários”,
Além disso, esperam que com o processo de regionalização de saúde proposto pelo governo estadual ocorra “uma diminuição do encaminhamento de pacientes à unidade”.
Enquanto isso não acontece, Cientistas da Unicamp participaram de um estudo global sobre a arquitetura genética das epilepsias, que analisou dados de milhares de pacientes. A universidade de Campinas foi a única instituição da América Latina a participar da pesquisa.
A pesquisadora Íscia Lopes Cendes, uma das autoras do artigo, destacou a importância do estudo.
A pesquisa identificou 26 pontos no genoma que apresentam significância estatística para predisposição à epilepsia generalizada, um tipo de epilepsia que afeta os dois lados do cérebro.
Essa lista de genes pode orientar estudos futuros sobre a doença, além de auxiliarem na descoberta e formulação de novos medicamentos.