Você já comeu ou conhece alguém que já comeu insetos? Essa é uma pergunta que pode causar estranheza, porém, vai ser cada vez mais frequente no futuro. É isso que acredita a professora de biologia da Unicamp, Patrícia Thyssen.
A entomofagia, ou o simples uso de insetos na alimentação humana, começou há muitos anos. Apesar de a prática parecer exótica , os insetos já chegaram às mesas de restaurantes premiados do Brasil e fazem parte da cultura de diversas etnias dos povos originários brasileiros, assim como são comuns na Tailândia e no México.
De acordo com a professora, a diversidade de alimentos que podem ser produzidos por meio dos insetos é muito grande e isso pode ajudar no desenvolvimento da alimentação mundial.
Inclusive, o cientista e ex-estudante da Unicamp, Antonio Bisconsin Junior defendeu uma tese de doutorado e investigou o que os brasileiros pensam sobre a possibilidade de comer insetos e descobriu haver uma preferência por grilos, bem como uma maior aceitação dessa alternativa por parte de consumidores do Norte e do Centro-Oeste do país.
Ele também pesquisou as vantagens do alimento e produziu uma farinha proteica de grilos, uma espécie de whey protein. Segundo Patrícia, outro ponto importante no consumo de insetos é o valor nutritivo dos animais, que muitas vezes são melhores do que outros alimentos.
O estudo de Bisconsin foi dividido em duas partes. A primeira apresenta os resultados de uma pesquisa que ouviu 780 pessoas de todas as regiões do país, com entrevistas presenciais realizadas por uma rede de colaboradores formada por professores da Unicamp e de outras universidades e institutos de pesquisa.
Além disso, o grilo despontou como o tipo de inseto comestível mais aceito, desbancando larvas, baratas e formigas. Também foi observado no estudo que haveria uma aceitação melhor do alimento se os insetos estivessem “disfarçados” no produto, ou seja, se não fossem identificáveis na sua forma natural.