A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) abriu uma investigação para apurar um possível desvio milionário de recursos destinados a pesquisadores da Unicamp, em Campinas.
No fim do ano passado, uma auditoria detectou possíveis irregularidades na prestação de contas de docentes ligados ao Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas. Tudo chegava a uma pessoa: uma ex-funcionária ligada à Funcamp, Fundação de Desenvolvimento da Unicamp, fundação sem fins lucrativos ligada à universidade, que fazia a prestação de contas, e tinha acesso a todos os dados econômicos e financeiros das pesquisas.
A CBN Campinas teve acesso a um comunicado que foi encaminhado aos servidores do Instituto de Biologia, em que consta que a servidora foi demitida no dia 18 de janeiro. O nome dela não foi divulgado, e o valor dos desvios somam “uma quantia vultuosa”. Oficialmente, Unicamp e Fapesp também não informaram.
O esquema funcionaria com o uso de TEDs com valores variáveis para a própria conta dela. Ainda conforme esse comunicado, a ex-servidora teria uma empresa de prestação de serviços desde 2018, o que já havia levantado uma suspeita na própria universidade. Ela incluía notas fiscais dessa empresa e recibos forjados nas prestações de contas de 28 docentes, que, segundo o apurado, não tinham qualquer conhecimento desse esquema.
Em teoria, cada pesquisador faz a prestação de contas de como as verbas das pesquisas eram utilizadas, segundo regras constantes das normas da FAPESP. Essa funcionária se tornou, em 2018, a responsável por isso. Meses depois, a empresa foi aberta. A companhia, que tinha como atividade a manutenção e reparação de equipamentos e produtos não especificados, foi encerrada em janeiro, seis dias depois da demissão.
Em nota, a FAPESP explicou que segue analisando as prestações de contas já realizadas pelos pesquisadores. Caso irregularidades sejam comprovadas e não sejam sanadas, a Fundação vai cobrar dos docentes a devolução dos recursos. Ao mesmo tempo, a FAPESP vai acompanhar as providências legais que os pesquisadores e a instituição de pesquisa à qual estão vinculados estão tomando, enquanto vítimas do apontado crime.
Em nota, o Instituto de Biologia informa que está apurando o possível desvio de recursos financeiros originários da FAPESP. Qualquer informação ou divulgação de detalhes à imprensa pode ser prejudicial às investigações, segundo a universidade.
A Polícia Civil informou que um boletim de ocorrência foi registrado no dia 1º de fevereiro, mas como os dados eram “precários”, foi pedido para que novos documentos fossem anexados.