O custo do convênio médico para crianças está superando o do público acima de 59 anos, que, historicamente, tem os maiores gastos com os convênios. Um levantamento nacional feito pela consultoria Funcional Health Tech com mais de um milhão de usuários mostra que o custo na primeira faixa etária, que vai de 0 a 18 anos, subiu 43% em 2022 e mais 16% no ano passado. A variação chega a ser três a quatro vezes superior ao verificado entre os clientes que formam a última segmentação de idade dos planos de saúde.
Fernando Bianchi, Sócio do M3BS Advogados e especialista em Direito da Saúde Suplementar, afirma que a razão principal é o maior volume de atendimentos para tratamento do espectro autista. Segundo o advogado, isso ocorre não apenas porque hoje a identificação do espectro é mais precisa, mas também, por um onda de fraudes no tratamento e diagnóstico.
O problema impacta quem realmente precisa do atendimento especializado. A limeirense Mara da Silva é mãe do Raul, diagnosticado com o espectro autista. Ela está sem plano de saúde desde novembro do ano passado, quando saiu do trabalho para cuidar do filho. Sem condições de pagar um convênio, ela e o filho migraram para o SUS.
Mesmo quem tem o convênio enfrenta dificuldades para conseguir o diagnóstico do autismo. Angele Berdat tem um filho de 8 anos, e ainda não sabe se ele tem o transtorno.
O advogado orienta como fugir de golpes e saber se as operadoras estão cobrando preços abusivos pelos planos de saúde para este público.
A pesquisa também apontou como fator para o aumento dos preços as mudanças regulatórias que impuseram o fim dos limites das terapias para o espectro autista, com profissionais como psicólogos e fonoaudiólogos.