O programa Fantástico, da TV Globo, teve acesso aos depoimentos de vítimas que eram extorquidas por uma quadrilha liderada por um delegado em Indaiatuba. Investigações do Ministério Público mostraram que eles inventavam crimes para conseguir dinheiro.
O esquema foi denunciado pelo Ministério Público na semana passada. Até agora 14 pessoas foram presas, incluindo o delegado-titular do 1º DP, José Clésio de Oliveira Filho. Dentro da delegacia dele existia uma sala de extorsão onde as vítimas, geralmente comerciantes da cidade, eram ameaçadas a responder por crimes que não cometeram caso não pagassem a propina. Uma das vítimas contou sob anonimato como era feita a abordagem.
Em um dos vídeos obtidos pela investigação os suspeitos contavam a propina de R$ 500 mil. Era o dinheiro pago pelas vítimas para que elas não respondessem por crimes como lavagem de dinheiro ou até mesmo abuso sexual. Todos inventados pelos criminosos que deveriam defender a lei. O promotor de Justiça Paulo Carolis diz que os policiais e os membros da quadrilha invadiam os estabelecimentos sem mandado judicial.
A quadrilha contava com membros da Polícia Civil além do delegado como investigadores, da guarda-municipal, da prefeitura de Indaiatuba e até pessoas que não eram ligadas às instituições. Além deles, o promotor explica que os advogados dos donos das concessionárias também se envolveram no esquema criminoso. Os três foram presos.
Uma das vítimas afirmou que a investigadora Carla Cristina de Souza Moreira era quem mais humilhava os empresários durante a coação.
Ao Fantástico, os advogados de Clésio de Oliveira Filho, Carla Moreira e Marcelo Savioli disseram que vão provar a inocência dos clientes. A defesa dos outros investigados não se manifestou.
A Secretaria de Segurança Pública se limitou a dizer que a corregedoria da Polícia Civil acompanha o caso. Em nota, a Prefeitura de Indaiatuba informou que abriu procedimento administrativo e afastou os envolvidos.