A balança comercial da Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou números negativos mês de março. Segundo estudo do Observatório PUC-Campinas, realizado com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, houve uma diminuição de -21,6% nas exportações e de -10,2% nas importações da RMC, resultando em queda de -3,2% no déficit comercial regional.
Os números referentes a março não são pontuais, já que em um período de 12 meses houve diminuição de -8,4% nas exportações e diminuição de -18,8% nas importações da RMC, resultando em queda de -23,6% no déficit comercial regional.
O economista do Observatório PUC-Campinas, Prof. Dr. Paulo Oliveira, explica que esses números estão sendo afetados por uma série de fatores. “A indústria nacional, e não é só o contexto regional, ainda ‘patinando’ para se recuperar dos efeitos da crise da pandemia, a gente ainda não voltou para o patamar da produção industrial vigentes em fevereiro de 2019, então a gente ainda está ‘patinando’ para recuperar aqueles níveis de produção, e a gente está falando de uma região que é essencialmente industrializada, que gera muito emprego industrial e que vive dessa atividade industrial.”
Destaque para a queda nos valores das exportações de pneus, tratores e partes de motores, e diminuição relativa das exportações para praticamente todos os principais destinos, com destaque para Alemanha e Argentina.
Houve queda do valor importado de compostos heterocíclicos de nitrogênio, agroquímicos e ácidos nucleicos e seus sais, já óleos de petróleo ou de minerais betuminosos tiveram um grande crescimento. Houve diminuição relativa das importações de praticamente todas as principais origens, com destaque para China e Estados Unidos, enquanto a Rússia apresentou um crescimento expressivo.
E com o desempenho decrescente da indústria, as participações nas importações e exportações de nossa região no total do estado de São Paulo cairam. Nas importações a participação no total do estado foi de 19,6%, o menor volume nos últimos seis anos. Já nas exportações a participação foi de 5,5%, a menor para nossa região nos últimos 10 anos. “Não é pontual, a Região Metropolitana de Campinas tem perdido espaço relativo nas exportações do estado, a gente tem observado isso, que é um sinal da atividade industrial ainda em recuperação, com o impacto da pandemia.”
Por mais que a RMC possa vir a registrar aumentos em importações e exportações, a balança comercial costuma registrar déficit, por conta do caráter econômico da região, que é forte na indústria de transformação. “Bastante dependente da importação de insumos, onde a gente tem indústrias de transformação forte, em geral a gente enxerga uma balança comercial deficitária. Isso significa que as empresas que produzem nessas regiões importam um volume considerável de insumos para a produção. Com isso, a Região Metropolitana de Campinas, sendo uma das regiões mais industrializadas do país, não tem superávits comerciais há pelo menos 20 anos.”
As análises mais recentes do Observatório PUC-Campinas apontam para um ano de aumento de até 3% nas importações, mas com expressiva queda das exportações, em até 12,4%.