A rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença, a SP-101, conhecida também como rodovia Campinas Monte-Mor, tem um fluxo de veículos intenso todos os dias entre Campinas e Hortolândia. Os congestionamentos acontecem em vários momentos ao longo do dia, mas principalmente no início da manhã e no final da tarde, e ocorrem nos dois sentidos, uma vez que no trecho só há duas faixas de rolamento em cada sentido.
O educador Jobert Júnior relata que mora em Hortolândia desde 2000 e trabalha em Vinhedo desde 2001. Ele diz que a situação do fluxo de veículos na rodovia piorou ao longo das últimas duas décadas, o que faz com que ele evite utilizá-la. Já Edson Andretta e Eddie Marino utilizam a rodovia com frequência, e acreditam que mais uma faixa no trecho entre Campinas e Hortolândia ajudaria bastante a melhorar o fluxo na SP-101. E essa faixa adicional já deveria existir. A rodovia foi concedida à iniciativa privada em 2009, e no edital da concessão constam melhorias a serem feitas ao longo dos anos de contrato por parte da concessionária Rodovias do Tietê, como duplicações de trechos, instalações de marginais e de faixas adicionais, dentre outras evoluções. E para cada intervenção há um prazo determinado para a execução das obras.
E no edital consta a implantação de faixas adicionais em um trecho de 8,5 km nos dois sentidos entre Campinas e Hortolândia, entre o trevo da Bosch e a saída para a Rodovia dos Bandeirantes. E isso deveria ter sido feito entre o 8º e o 10º ano da concessão, ou seja, até o final de 2019.
Mas por que isso não aconteceu?
Um impasse a respeito da responsabilidade sobre as cinco passarelas de pedestres existentes no trecho ajuda a explicar. Segundo a concessionária Rodovias do Tietê a implantação das faixas adicionais na rodovia exige a demolição de cinco passarelas no trecho, e a construção de passarelas provisórias para manter a segurança dos usuários. E ainda segundo a concessionária, essas passarelas pertencem ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Já o DER afirmou à CBN que as passarelas e o projeto das faixas adicionais na rodovia são de responsabilidade da concessionária.
A Rodovias do Tietê afirma também que o projeto e o planejamento de todas as etapas da obra se encontram em fase de finalização e precisam da aprovação da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).
Por sua vez, a ARTESP afirma que notificou a concessionária pelo atraso na implantação das novas faixas, resultando na aplicação do Termo de Aplicação de Penalidade (TAP), e que até o momento, as obras não foram reprogramadas. A agência afirmou ainda que tem atuado para que sejam cumpridas as obrigações contratuais, prezando pela qualidade dos serviços prestados.
Enquanto o impasse não é resolvido e as obras não saem do papel, resta aos motoristas a paciência para seguirem enfrentando os congestionamentos diários na rodovia.
Para o Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, uma faixa adicional até ajudaria a diminuir os congestionamentos, mas somente um transporte público de qualidade teria capacidade de reduzir o número de veículos na rodovia e melhorar, de fato, as condições de tráfego.
No mês passado o governo do estado de São Paulo anunciou um projeto de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Campinas, com dois ramais ferroviários, um ligando a cidade a Hortolândia e Sumaré, e outro ligando o Centro a Viracopos.