A Polícia Civil de Campinas registrou em agosto o maior número de boletins de ocorrência de estupro para um mês na história. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), atualizados no fim do mês de setembro, mostram que foram 45 denúncias no período.
O volume de casos denunciados em agosto é 50% maior que o registrado no mesmo período do ano anterior, quando a SSP contabilizou 30 ocorrências.
Com isso, de janeiro a agosto a cidade já registrou 267 casos de estupro, sendo 196 envolvendo vulneráveis. Os números refletem um aumento dos registros ano a ano. A região encerrou 2023 com o maior número de estupros em 23 anos.
No Brasil, um caso foi registrado a cada seis minutos no ano passado, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Campinas conta com uma rede para cuidar de casos de violência sexual que engloba o Ambulatório de Atendimento Especial do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism) da Unicamp.
Do estabelecimento, objeto de uma pesquisa de mestrado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), foram avaliados os prontuários de 1.133 mulheres atendidas entre 2011 e 2018. O estudo identificou o perfil das pacientes como a a tipificação dos casos de violência e os sintomas apresentados – como explica a psiquiatra e pesquisadora, Maria Teresa Ferreira Côrtes.
A pesquisa constatou, ainda, que cerca de um quinto das pacientes (20,4%) já havia sofrido outro tipo de violência e que 66% das adolescentes não tinham experiência sexual antes do crime.
A vítima pode buscar diretamente o pronto atendimento do Caism (Rua Alexander Fleming, nº 101, Cidade Universitária “Zeferino Vaz”), que funciona 24 horas por dia, sem necessidade de encaminhamento médico ou registro policial.
O atendimento imediato – até 72 horas depois da ocorrência – é fundamental para a realização de exames e tratamentos importantes.