O Prêmio Nobel de Química 2024 destacou o trabalho colaborativo e a interconexão entre diferentes áreas da ciência. Os vencedores, David Baker, Demis Hassabis e John M. Jumper, foram reconhecidos por desvendar os segredos das proteínas – moléculas essenciais para o funcionamento das células e, consequentemente, para a vida. Utilizando inteligência artificial e computação avançada, o trio decifrou a estrutura tridimensional dessas proteínas, e parte dessa pesquisa contou com dados obtidos no superlaboratório Sirius, o acelerador de partículas localizado em Campinas (SP).
Mário Murakami, diretor científico do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) e pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que abriga o Sirius, falou sobre a importância da contribuição brasileira no desenvolvimento da pesquisa que levou ao Nobel. Segundo ele, o Sirius desempenhou um papel fundamental ao fornecer dados essenciais para a validação da descoberta.
Murakami explicou que a pesquisa vencedora desenvolveu uma ferramenta virtual baseada em inteligência artificial capaz de criar e recriar, com alta precisão, estruturas tridimensionais de proteínas, sem depender de experimentos laboratoriais. Essa inovação promete acelerar de forma significativa estudos em diversas áreas da biologia, que antes precisavam de anos de experimentação física para obter resultados confiáveis.
A pesquisa conduzida no CNPEM foi citada nas etapas finais dos estudos de David Baker, em um artigo publicado na renomada revista Science, destacando o potencial do algoritmo utilizado para modelar proteínas de forma virtual. Uma das contribuições mencionadas foi uma descoberta sobre uma enzima estudada no CNPEM, que abre portas para a produção de hidrocarbonetos – intermediários químicos essenciais para a indústria de combustíveis, como diesel, gasolina e querosene de aviação, além de polímeros, como os plásticos.