Um artigo publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical por pesquisadores da Unicamp aponta que o aumento das temperaturas pode impactar na incidência de casos de dengue em Campinas. De acordo com a pesquisa, uma elevação da temperatura em 1 °C pode acarretar um crescimento de até 40% no número de casos de dengue na cidade.
O doutorando do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, Bernardo Geraldini, explica que as pesquisas foram baseadas nos dados da Secretaria de Saúde entre 2013 e 2022. O objetivo até então era entender o impacto das chuvas no aumento da dengue, mas a pesquisa mostrou que a elevação da temperatura foi mais impactante.
O professor do Departamento de Demografia da Unicamp, Igor Cavallini Johansen, explica que a pesquisa investigou o calor, que ajuda o mosquito a se reproduzir com mais velocidade.
Igor ainda conta que outros fatores também devem ser levados em conta, como os diferentes sorotipos da doença na cidade e a facilidade do mosquito de encontrar água parada. Ele também ressalta a necessidade da conscientização da população.
Além disso, os pesquisadores também contaram com a ajuda do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri). A meteorologista do centro, Ana Ávila, conta que todos os meses deste ano tiveram temperaturas acima do esperado.
Até o momento, a cidade já registrou 80 óbitos por dengue e mais de 120 mil casos confirmados. As regiões mais afetadas pela dengue, sudoeste e noroeste do município, concentram cerca de 44% dos casos. A situação é considerada a pior epidemia da história do município.
A Secretaria de Saúde reforça a importância da prevenção contra a doença, eliminando o acúmulo de água parada nas residências que possa servir de criadouros para o mosquito, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas, além de vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.