Retrospectiva 2024: Caso Fapesp expõe falhas no controle de verbas científicas na Unicamp

Foto: Antoninho Perri /arquivo

Entre avanços acadêmicos e conquistas científicas, a Unicamp viveu em 2024 um dos maiores escândalos financeiros de sua história. O caso de desvio de verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) revelou falhas graves na gestão de recursos destinados a projetos científicos, envolvendo mais de R$ 5 milhões desviados de pesquisas do Instituto de Biologia (IB). 

O escândalo veio à tona em janeiro, quando a Unicamp detectou transferências suspeitas nas contas de projetos de pesquisa. Essas movimentações levaram à demissão de Ligiane Marinho de Ávila, então funcionária da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp).

Uma auditoria inicial da Fapesp identificou que R$ 5.092.925,88 haviam sido transferidos diretamente para a conta pessoal da ex-funcionária, responsável por operacionalizar pagamentos de serviços e compras no IB. 

A gravidade do caso mobilizou não apenas a Unicamp, mas também o Ministério Público Estadual (MP-SP) e a Polícia Civil de Campinas. A suspeita de peculato,             que é desvio de dinheiro público para proveito próprio, gerou grande repercussão, especialmente pela fuga de Ligiane do país, em fevereiro. 

Auditorias conduzidas pela Fapesp e pela Unicamp seguiram ao longo do ano, mas sem conclusão definitiva até o final de 2024. A Unicamp apontou que cerca de R$ 3,04 milhões do valor movimentado por Ligiane não foram reconhecidos pelos pesquisadores como pagamentos legítimos. Foram identificadas pelo menos 220 transferências bancárias suspeitas, justificadas com notas fiscais de compras e serviços como manutenção de equipamentos e desenvolvimento de softwares. 

Por outro lado, a Fapesp informou que ainda não é possível determinar exatamente quanto do valor transferido foi efetivamente usado nos projetos de pesquisa e quanto foi desviado. A Fundação intensificou a cobrança de prestação de contas detalhada dos pesquisadores envolvidos. 

Em setembro, o caso ganhou novo desdobramento com o pedido do MP-SP de prisão preventiva e quebra de sigilo bancário de Ligiane. A Promotoria argumentou que a saída do país foi uma tentativa de ocultação para evitar responsabilização. Ligiane foi indiciada por peculato pela Polícia Civil, mas não foi encontrada em seus endereços no Brasil. 

O advogado da ex-funcionária, Rafael de Azevedo, solicitou que o depoimento dela fosse realizado por videoconferência, confirmando que ela permanece fora do Brasil sem previsão de retorno. A defesa segue alegando que não teve oportunidade de apresentar a versão de Ligiane. 

xxx Embora investigações tenham sido abertas e identificação da principal suspeita, o caso expôs fragilidades nos mecanismos de controle financeiro da universidade e da Fapesp, gerando debates sobre a gestão de recursos públicos na ciência brasileira.

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