Sem apoio suficiente, CPI do concurso do Mário Gatti dificilmente será criada

FOTO: Câmara Municipal de Campinas

O vereador Vini Oliveira (Cidadania) busca instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades no concurso público para Residência Médica do Hospital Mário Gatti, realizado em 26 de janeiro e organizado pela Consesp.

O documento apresentado pelo parlamentar aponta falhas na fiscalização e indícios de fraude externa, o que poderia comprometer a transparência do processo seletivo. Para que a CPI seja instaurada, é necessário o apoio de pelo menos 10 dos 33 vereadores (11 assinaturas) da Câmara Municipal, número que ainda não foi atingido.

Segundo uma cópia do requerimento obtida pela CBN Campinas, apenas seis vereadores assinaram o documento até o momento: Gustavo Petta (PCdoB), Paolla Miguel (PT), Guida Calixto (PT), Mariana Conti (PSOL), Fernanda Souto (PSOL) e o próprio Vini Oliveira.

A falta de adesão à CPI indica que a iniciativa não conta com o interesse da maioria dos parlamentares, especialmente daqueles alinhados ao governo municipal. O líder do governo na Câmara, vereador Paulo Haddad (PSD), afirmou à CBN que não pretende assinar o requerimento.

A denúncia que embasa o pedido de CPI foi formalizada por médicos que optaram por não se identificar. No documento, eles relatam falhas graves na aplicação da prova, como a ausência de conferência das assinaturas dos candidatos na entrada das salas, a liberdade para escolherem seus assentos e a falta de inspeções rigorosas para impedir o uso de dispositivos eletrônicos. Além disso, fiscais não acompanharam os candidatos durante idas ao banheiro, e não houve o uso de detectores de metal para evitar possíveis comunicações externas.

Outro ponto questionado pelos denunciantes é a pontuação de alguns aprovados, especialmente nas áreas de Oftalmologia e Otorrinolaringologia. Cinco candidatos tiveram exatamente a mesma quantidade de acertos, tanto no total quanto em áreas específicas, o que, segundo cálculos matemáticos citados no documento, teria uma probabilidade extremamente baixa de ocorrer naturalmente.

A denúncia também menciona que alguns dos aprovados apresentaram desempenhos muito abaixo da média em outros concursos de residência médica no Brasil, o que levantaria dúvidas sobre a discrepância nas pontuações.

Além disso, há suspeita de que a liberação do caderno de questões durante a prova possa ter facilitado uma possível fraude via comunicação externa.

A Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar em nota, informou que está a disposição do Ministério Público para prestar os esclarecimentos necessários para garantir a lisura do concurso para residência médica.

Ainda conforme o comunicado, Na última segunda-feira, assim que teve conhecimento da denúncia pelas redes sociais, o prefeito Dario Saadi determinou a suspensão do resultado final do concurso para residência médica do Hospital Mário Gatti até que a Consesp, responsável pelo certame, faça a revisão de todas as provas para apurar as denúncias levantadas por alguns candidatos.

A empresa foi contratada por licitação pública para a realização de todo o processo e a Rede Mário Gatti não tem acesso às provas.

A reportagem no início da semana tentou contato com a Consesp por meio dos dois telefones disponíveis no site oficial, mas não obteve retorno.

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