Os motoristas de ônibus de Campinas não saíram das garagens das empresas do transporte público na manhã desta quarta-feira.
A ação foi articulada pelo Sindicato dos Rodoviários, para marcar, segundo a direção sindical, o início do julgamento dos acusados pela morte de Nilton Aparecido de Maria, ex-presidente da categoria, que foi assassinado na porta de casa em 2022.
Ao menos 30% da frota chegou a sair, conforme regras previstas na legislação de greve. Veículos de cooperativas atuaram normalmente neste começo de manhã.
A previsão é que a normalização das tabelas horárias aconteça só após 8h. Não estão previstos novos atos de paralisação hoje.
O ato não tem qualquer relação com campanha salarial ou melhorias nos ônibus.
Nilton de Maria foi morto com um tiro na nuca quando saía de casa com a esposa, por volta das 7h da manhã em 22 de janeiro de 2022. O casal foi abordado por dois homens que estavam em um Fiat Punto vermelho.
Um deles desceu do carro e anunciou um assalto. Nilton se virou e acabou baleado. Nada foi levado da vítima. O carro usado pelos criminosos foi encontrado incendiado no dia seguinte, no Residencial Novo Mundo.
A Polícia Civil tratou o crime como execução desde o início. Segundo as investigações, a morte foi encomendada por integrantes de uma chapa de oposição à de Nilton no Sindicato dos Rodoviários. De acordo com o Ministério Público, Izael Soares de Almeida teria planejado o crime. Anderson Caminoto da Silva, também da chapa, se irritou após ser preterido pela nova gestão e teria participado da articulação. O autor do disparo, Jefferson Cardoso de Oliveira, foi contratado por eles. O motorista do carro foi Paulo César Corrêa. A mãe de Jefferson e outro homem teriam participado da queima do veículo. O crime custou R$ 5 mil.
A denúncia foi aceita pela Justiça no ano passado.
A morte de Nilton causou forte comoção entre motoristas de ônibus e trabalhadores do setor. Na época, houve paralisações em Campinas, Valinhos e Paulínia, além de protestos na porta da delegacia.
No dia do sepultamento, o transporte coletivo ficou parado por quase quatro horas.