Um levantamento do Observatório PUC-Campinas revela que, em abril, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou aumento de 20,66% nas exportações e de 8,72% nas importações. Como resultado, o déficit comercial regional cresceu 3,34%.
A participação da RMC no comércio exterior do Estado de São Paulo foi de 22,1% nas exportações e de 7,8% nas importações.
No mês de abril a RMC exportou US$ 501,98 milhões, o que representa um crescimento de 20,91% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a pesquisa, esse é o maior valor exportado para o mês nos últimos dez anos.
Apesar dos resultados positivos, o professor e pesquisador responsável pelo estudo, Paulo Oliveira, destaca a predominância de produtos de menor valor agregado nas exportações da região.
“A gente percebe que houve um aumento na exportação de produtos de baixa complexidade, ou seja, a RMC está exportando produtos menos complexos ou produtos de menor valor agregado. E quando a gente compara com abril do ano passado, por exemplo, então essa notícia em relação à qualidade da pauta, ela não é muito boa nesse momento“, afirmou o professor.
Entre os principais itens exportados estão produtos químicos farmacêuticos, máquinas e veículos autopropulsados.
Ao analisar as importações, o professor comenta sobre a dependência das indústrias locais em relação a insumos estrangeiros.
“Como a gente tem uma dependência grande da importação de insumos, isso encarece consideravelmente a produção aqui na região. Então são efeitos compensatórios. O que a gente ganha com uma taxa de câmbio mais favorável para a exportação, a gente acaba perdendo e perde muito na competitividade, custo, porque é custo de importação, ele vai ser imputado na produção, então os produtos ficam mais caros”, pontuou.
Ele também aborda a queda nas exportações para os Estados Unidos e comenta os impactos da relação entre China e EUA sobre o comércio regional.
“A gente tem visto uma diminuição da RMC em relação às exportações com os Estados Unidos, ao mesmo tempo que a gente tem visto um aumento das importações. Mas esses movimentos já vinham ocorrendo mesmo antes do anúncio das tarifas. Mas eu tenho alertado para um fato que é o seguinte, a região é basicamente uma região industrial e o que o Trump quer proteger com as tarifas é indústria Americana. Nesse sentido, a gente fica em rota de colisão de fato, para algumas políticas que possam avançar na proteção da indústria Americana. O que a gente pode se defrontar é com as brigas em alguns mercados, que são justamente os mercados que o tarifaço busca proteger”, finalizou o professor.
Na análise dos últimos 12 meses, o estudo aponta queda de 1,96% nas exportações e aumento de 12,24% nas importações, o que resultou em uma elevação de 19,93% no déficit comercial da RMC.
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