O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC) aprovou nesta sexta-feira, 6 de junho, uma proposta que pode mudar a forma como as cidades lidam com a população em situação de rua. Trata-se da adoção do modelo Housing First – ou “Moradia Primeiro” – que já foi aplicado em outros países e também na cidade de São Paulo. A decisão foi tomada por unanimidade em reunião com prefeitos, secretários e especialistas no Centro Universitário UniMetrocamp Wyden, em Campinas.
Ao contrário dos modelos tradicionais, que só oferecem moradia após a pessoa resolver problemas como dependência química ou desemprego, o Housing First começa justamente oferecendo uma casa para que a pessoa tenha estabilidade e possa reconstruir a vida. A ideia é que a moradia seja o primeiro passo – e não o último.
Esse modelo surgiu nos Estados Unidos e por conta dos resultados, se espalhou para países como Finlândia, Canadá, França, Espanha e Portugal. Além de reduzir a quantidade de pessoas que voltam para as ruas, ele também ajuda a melhorar a saúde e o bem-estar de quem é atendido, além de facilitar o acesso a serviços como tratamento médico, qualificação profissional e inclusão social.
O modelo apresentado aos prefeitos prevê que empresas ou organizações contratadas pelas prefeituras só recebem pelos serviços prestados quando comprovarem que a pessoa deixou as ruas e se fixou em uma casa. Foi assim que funcionou em São Paulo, onde mil imóveis foram ocupados em apenas 18 meses.
Segundo José Police Neto, subsecretário estadual de Desenvolvimento Urbano, o projeto usa imóveis que já existem, mas estão vazios
O prefeito de Campinas e presidente do Conselho da RMC, Dário Saadi, destacou que o programa deve ir além de simplesmente oferecer um lugar para dormir.
O foco inicial será em famílias, crianças e idosos que estão em situação de rua há mais de dois anos – chamados de casos crônicos. Essas pessoas terão prioridade para receber uma moradia. E mais: elas poderão escolher onde querem morar, dentro das opções disponíveis.
O apoio dura entre 18 e 24 meses, tempo estimado para que a pessoa ou família consiga se reestruturar e seguir a vida de forma independente, sem precisar continuar dependendo da ajuda do governo.