Os alunos que ocupam a Escola Estadual Carlos Gomes, no centro de Campinas, vão deixar o prédio ao meio-dia desta quarta-feira, após 36 dias de movimento. A decisão foi tomada em uma assembleia nesta terça. A reunião, que durou quase cinco horas, foi convocada após o anúncio do afastamento temporário da diretora, Mirian Shimizu, para que as denúncias contra ela sejam apuradas pela Diretoria Regional de Ensino.
A saída da educadora é a principal reivindicação dos estudantes, que reclamam de perseguição e assédio moral e alegam que vão concentrar os esforços para causar o afastamento definitivo de Shimizu da direção. Segundo o professor e membro do sindicato estadual da categoria, Pedro Oliveira, o grupo deve reunir mais provas de abusos para apresentar aos dirigentes de ensino e pretende intensificar ainda mais as mobilizações.
Nenhum representante dos alunos foi encontrado para gravar entrevista, mas ainda segundo o professor que também integrou o ato, o prédio vai passar por limpeza e vistorias antes de ser liberado pelos manifestantes. Ele nega que qualquer tipo de dano ou vandalismo tenha sido praticado e não acredita que a saída resulte no enfraquecimento do movimento. Uma carta deverá ser redigida e entregue à Diretoria Regional de Ensino Leste.
Ocupada no dia 17 de novembro em meio aos protestos em todo o estado contra a reorganização do ensino, a escola Carlos Gomes permaneceu tomada pelos alunos mesmo após o fim dos atos nas outras unidades. O prédio teve mandado de reintegração de posse expedido pela 2ª Vara da Fazenda Pública. Para o juiz Wagner Gídaro, os estudantes não demonstravam intenção de “abandonar o ato de vandalismo e ocupação”.
Apesar disso, o protesto foi mantido contra a diretora e dirigentes de ensino, alunos, professores e um oficial de Justiça se reuniram na escola. Em meio às negociações, a criação de uma comissão responsável pela apuração das denúncias foi proposta, o que culminou na desocupação.