Acampados desde o dia 22 de dezembro em frente à empresa, os trabalhadores da Mabe em Campinas temem que as portas sejam fechadas e a demissão de 300 trabalhadores se torne realidade. Revezando dia e noite entre 200 homens, eles passaram as noites de Natal e Ano Novo no local, que fica no Distrito Industrial, e aguardam mais reuniões para saber se os pagamentos serão regularizados.
Funcionário da fábrica há 16 anos e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, Adriano Soares conta que a situação da empresa, em recuperação judicial, se arrasta desde 2013. Em licença remunerada e com retorno adiado para o dia 25, ele reclama da possibilidade de demissão de 300 trabalhadores e da falta do pagamento integral da primeira parcela do décimo terceiro salário.
Ao todo, são cerca de dois mil funcionários nas unidades de Campinas e Hortolândia e o temor dos trabalhadores acampados é de que ocorra o mesmo que foi registrado na planta de Itu em 2014. Na época, mais de mil demissões foram confirmadas na fábrica e as dispensas ocorreram com os direitos dos operários prejudicados. O pedido de recuperação judicial foi feito ainda em maio de 2013.
Na explicação apresentada pela indústria naquele ano, a solicitação aconteceu devido a problemas de liquidez e “condições específicas do mercado brasileiro”. Em Campinas, a produção é exclusiva de fogões. A Mabe respondeu através de nota que “desde que a venda de linha branca entrou em recessão no final de 2014, concentra os esforços para evitar reduzir o número de colaboradores”.
Entretanto, “o agravamento da crise tornou necessária a ação”. A empresa ainda diz que a atual situação não tem relação com a recuperação judicial, que vem sendo cumprida integralmente. O comunicado ainda informa que “as resoluções propostas são necessárias para que possam ser cumpridos todos os pagamentos necessários” e que se esforça para a retomada da produção.
