Os vereadores de Campinas aprovaram um requerimento de aplauso ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, deixando perplexa a população, que acredita que o legislativo municipal tem assuntos mais importantes para tratar. A proposta foi apresentada pelo vereador Paulo Galtério, do PSB, que não quis gravar entrevista para explicar os motivos da proposição. Além de questionar a necessidade da moção, fica cada vez mais evidente o perfil conservador da Casa, que vem apresentando e aprovando requerimentos semelhantes com certa frequência.
Polêmico, o republicando Donald Trump ficou conhecido pelo tom polêmico de suas declarações sobre negros, imigrantes, homossexuais e outras minorias durante a campanha presidencial. Entre a população de Campinas, a moção de aplauso foi duramente criticada. O engenheiro Henrique Miranda acredita que os vereadores de Campinas perderam a noção de seu papel como legisladores. O corretor de imóveis, Marcelo Feltran, não consegue entender a relevância da câmara de Campinas em homenagear Donald Trump.
Dos 33 vereadores, apenas quatro votaram contra o requerimento. Um deles foi Paulo Bufalo, do Psol, que se mostrou mais preocupado com a onda conservadora do legislativo do que com o homenageado. Além do requerimento, alguns projetos de lei e moções aprovadas recentemente pela Câmara de Campinas levantaram discussões sobre o comportamento conservador da Casa. Um texto da filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir usado no ENEM do ano passado, levou o vereador Campos Filho, do DEM, a apresentar uma moção de protesto contra o Ministério da Educação, com a justificativa de que a iniciativa do Governo Federal teria sido demoníaca. Os vereadores Antonio Flores, do PSB e Jorge Schneider, do PTB, apresentaram um projeto de lei que proíbe a implantação de chips de identificação em seres humanos, considerada pelos autores da proposta como a marca da besta. Houve ainda a discussão sobre a ideologia de gênero, que causou vários protestos no plenário da Câmara de Campinas. O vereador Paulo Galtério não justificou os motivos pela apresentação do requerimento que homenageia o próximo presidente dos Estados Unidos e, procurado pela reportagem, não gravou entrevista.