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Faltam medicamentos contra hepatite C e glaucoma na Farmácia de Alto Custo de Campinas

Foto: Guilherme Pierangeli

O vendedor aposentado, Valdecir Campana, de 68 anos, sofre de hepatite C há alguns anos. Recentemente, o médico dele receitou medicamentos para o tratamento da doença. Estes medicamentos, porém, seriam disponibilizados somente pela farmácia de alto custo, não sendo possível encontrar em drogarias convencionais.

Após ficar cinco horas na farmácia de alto custo para realizar o cadastro dele, o aposentado soube que os medicamentos que ele precisa não estavam disponíveis. Ele recebeu a promessa de que telefonariam para ele assim que os medicamentos chegassem. Porém, três meses e várias idas à farmácia de alto custo depois, nada mudou. “Nunca precisei de remédio daqui, e agora que preciso não tem, aí voltei ao médico e ele disse que preciso desse remédio urgente pois está afetando muito. A dor é demais, é contínua, então dormir eu quase não durmo”, conta.

O vereador Ailton da Farmácia (PSD), pede que a Farmácia de Alto Custo regularize a distribuição de medicamentos para tratar a hepatite C. Uma moção de autoria dele foi aprovada pela Câmara, por unanimidade, na sessão de segunda-feira, dia 5. Essa moção será direcionada para a Secretaria de Estado da Saúde e ao Departamento Regional de Saúde. “Pra que regularize esse medicamento pois esses pacientes precisam desse medicamento até evitar o transplante de fígado, é necessário até para a qualidade de vida. Em farmácias e drogarias você não acha esse medicamento, que é importado, ele tem de vir o mais rápido possível para atender à população”.

Valdecir afirma que caso não consiga os medicamentos, possivelmente terá de passar por um transplante de fígado, o que é desencorajado pelo médico dele, que acredita que pacientes mais novos serão priorizados na fila do transplante. Porém, é impossível para o aposentado encontrar e custear tais medicamentos com o rendimento que ele tem. O vereador Ailton da Farmácia fez uma pesquisa sobre o custo dos medicamentos receitados à Valdecir. Os valores de dois dos medicamentos somados é de R$ 98 mil. “Sofosbuvir, uma caixinha com 28 comprimidos, custaria hoje no mercado R$ 75 mil, e o Daclatasvir, também com 28 comprimidos custaria R$ 23 mil. Ele também faz uso do Ribavirina, não consegui encontrar o preço dele, mas ele não é disponibilizado em drogarias”, explica o vereador.

A moção do vereador abrange também a falta de medicamentos para o tratamento do glaucoma, e pede a troca do medicamento Lumigan pela fórmula genérica denominada Bimatoprosta, que tem menor valor no mercado. Com isso, seria de mais fácil a aquisição por parte do governo do Estado, de acordo com o vereador.

Resposta do Governo do Estado

A Coordenadoria de Assistência Farmacêutica esclarece que o medicamento Bimatoprosta está disponível na Farmácia de Alto Custo de Campinas.

O Ministério da Saúde é responsável pela aquisição e envio a São Paulo dos três medicamentos para tratamento de hepatite C citados pela reportagem (Sofosbuvir, Daclatasvir e Rivabirina) . Porém, o Daclatasvir 30mg e 60mg e o Sofosbuvir 400mg estão com entrega irregular pelo governo federal desde junho.

No total, foram solicitados 434 mil comprimidos desses dois itens para atender os pacientes nos 3º e 4º trimestres de 2018, mas não houve qualquer entrega até o momento.

A pasta tem efetuado cobranças periódicas ao órgão federal para que as entregas dos itens sejam efetivadas com urgência.

O estoque do Rivabirina 250mg está abastecido em São Paulo, mas, conforme normativa do Ministério da Saúde, o item só pode ser distribuído juntamente com o tratamento completo para a doença, que inclui os outros dois remédios, atualmente indisponíveis.

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