Em uma assembleia universitária extraordinária realizada no Ciclo Básico do campus, em Campinas, a Unicamp aprovou uma moção contra o que chama de “série de ataques sofridos pelas universidades e institutos de pesquisa” no País. A convocação foi aprovada pelo Conselho Universitário em protesto contra medidas adotadas pelo Governo Federal. Entre elas, os cortes de bolsas e decisões que colocariam em xeque a autonomia das instituições públicas.
Esta é a primeira vez na história da Unicamp que um ato do tipo é convocado. Algo similar ocorreu em 1981, durante a ditadura militar, quando a comunidade acadêmica protestou contra a intervenção do então governador Paulo Maluf. Nesta terça-feira, os principais alvos dos discursos foram o presidente Jair Bolsonaro, do PSL, e o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que emitiram opiniões recentes contra as universidades estaduais e federais.
A sequência de falas foi aberta pelo reitor da Universidade Estadual de Campinas, Marcelo Knobel. Ele foi aplaudido e, no final do evento, em coletiva de imprensa, disse esperar que o movimento alcance outras instituições. Depois de Knobel, representantes da graduação, incluindo membros do Núcleo de Consciência Negra e indígenas, falaram ao microfone. Entre os discursos, citações diretas ao governador do estado de São Paulo, João Doria, do PSDB.
Mas além dos palácios do Planalto e dos Bandeirantes, o dos Jequitibás também foi alvo. Durante a fala do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, André Von Zuben, o protesto foi contra o prefeito Jonas Donizete, do PSB. Nos gritos, os estudantes se mostraram contra a proposta de instalação de uma escola cívico-militar na cidade apresentada pelo Chefe do Executivo, que teria a intenção de aderir ao programa do governo Bolsonaro sobre o tema.
Alunos da pós-graduação e funcionários também discursaram, assim como os professores. O presidente da Associação dos Docentes da Unicamp, Wagner Romão, diz que a ciência e a educação estão em risco crescente desde o início do ano. Em 2019, agências federais de fomento e apoio à pós-graduação sofreram drástica redução nos recursos destinados ao financiamento de bolsas e demais auxílios à pesquisa de estudantes. Cientistas também sofreram perda de verbas.
