Dois secretários e uma servidora da Prefeitura de Americana foram presos na manhã desta terça-feira na operação Cadeia Alimentar II, que investiga fraudes no fornecimento de merenda escolar a diversos municípios paulistas entre 2013 e 2017. A operação foi deflagrada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal em 27 cidades do estado.
Foram detidos em Americana, além da servidora, o secretário de Governo, Juninho Barros, e o Secretário de Negócios Jurídicos, Alex Niuri. Eles foram levados à Polícia Federal de Piracicaba, e posteriormente encaminhados à PF de Ribeirão Preto para prestar depoimento.
Ao todo foram expedidos 27 mandados de prisão temporária e 55 de busca e apreensão em várias cidades do estado, sendo os seguintes na região administrativa de Campinas:
- Americana: 3 mandados de prisão e 3 de busca/apreensão.
- Campinas: 1 mandado de prisão e 1 de busca/apreensão.
- Paulínia: 4 mandados de busca/apreensão.
- Rio Claro: 1 mandado de prisão e 1 busca/apreensão.
- Sumaré: 1 mandado de prisão e 1 busca/apreensão.
Na região são investigados contratos para fornecimento de alimentação em Americana, Limeira, Paulínia, Rio Claro e Pirassununga. Apesar de mandados terem sido cumpridos em Campinas e Sumaré, as duas cidades não são investigadas.
Os alvos dos mandados são investigados pela prática de organização criminosa, fraude a licitações, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva e prevaricação. O Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado da PF em São Paulo, Marcelo Ivo, detalha o perfil dos alvos da operação. “Havia o envolvimento de agentes políticos, secretários, prefeitos que atualmente não encontram-se em exercício, lobistas, funcionários públicos e empresas, e havia o pagamento de propina com o objetivo de direcionar a elaboração de editais de licitação com o objetivo de limitar concorrência e favorecer algumas empresas”, diz.
Segundo as apurações, o esquema foi criado por um frigorífico da cidade de Brodowski, na região de Ribeirão Preto, com o auxílio de outras firmas do mesmo grupo. Os envolvidos direcionavam licitações para favorecer a empresa, em troca de uma propina de 10% do valor do contrato.
A operação desta terça deu continuidade à Operação Cadeia Alimentar, deflagrada em maio do ano passado, e contou com a colaboração premiada de dois investigados na primeira fase, conforme explica o coordenador da Operação, Delegado Bruno Rigotti. “Após análise do material da primeira fase da operação, junto com a colaboração premiada de dois investigados na primeira fase, chegamos agora na segunda fase, que pega principalmente servidores públicos de vários municípios do estado de São Paulo, mais de 50”, relata.
Após processos de seleção, o frigorífico fornecia os produtos com superfaturamento ou, em alguns casos, sequer os entregava, mesmo recebendo os pagamentos referentes a eles.
Apesar de já ser de conhecimento público as identidades de ao menos dois dos presos, no caso, os secretários municipais de Americana, as identidades dos alvos da operação não foram divulgadas pela Polícia Federal para não prejudicar as investigações, que continuam. “Nesse momento não vou citar nomes de investigados pois agora estão sendo ouvidas as pessoas que foram presas no dia de hoje, e já estão em andamento cinco colaborações premiadas, estão confirmando a fraude, um empresário já confirmou recebimento de R$ 150 mil de propina desviado”, detalha.
Além de autorizar as prisões e a obtenção de itens que auxiliem a investigação, por meio de busca e apreensão, a Justiça Federal determinou o bloqueio de bens dos envolvidos, em quantia que alcança o total de R$ 2 bilhões.
A Prefeitura de Americana se manifestou por meio de nota sobre as prisões dos secretários e da servidora. Segundo a a nota, a prefeitura soube de parte das informações pelo que foi noticiado pela mídia, e destacou que o prefeito Omar Najar (MDB) não é sequer investigado por esta operação. A prefeitura afirmou ainda que todas as questões sobre o assunto serão apuradas e esclarecidas devidamente assim que houver mais elementos.
