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Carnaval reduz o turismo e a economia de Campinas

Foto: Elisete Moscardin

Pelo quinto ano consecutivo Campinas não terá o tradicional desfile das escolas de samba no Carnaval. Em termos de turismo o desfile não acrescentava. De acordo com a diretora municipal de turismo, Alexandra Caprioli, o público dos antigos desfiles das escolas de samba era local e não formado por  turistas. “O que a gente não tem mais é aquele carnaval oficial, que era chamado de carnaval dos desfiles das escolas de samba. E esse era um movimento na cidade que era focado no público local”, afirma.

O reflexo do turismo, segundo ela, pode ser medido na ocupação da rede hoteleira. Em Campinas, o foco é o turismo de negócio e no período do carnaval a queda e sempre acentuada. “Em 2018, em fevereiro nós tivemos 44% de ocupação da rede hoteleira. No ano passado, em março quando houve o carnaval, essa taxa foi de 46%. Nos meses anteriores ou posteriores à festa, esse número supera os 51%. Então o carnaval, como atividade econômica na hotelaria não é bom”.

Com a suspensão dos desfiles das escolas de samba, cresceu o número de blocos carnavalescos. Entre eles está o da Escola de Samba Leões da Vila Padre Anchieta. Fundada em 1997, a escola conquistou oito títulos no grupo especial e foi a última campeã do carnaval campineiro, em 2015. Descrente por conta da falta de verba e apoio governamental a diretoria decidiu parar com o desfile. Segundo a presidente, Elisete Moscardin, a escola continua estabelecida e com suas atividades junto a comunidade. A partir deste ano volta a desfilar, mas , em forma de bloco nas ruas do bairro. “Antes de 2015, quando ganhamos o carnaval, nós já havíamos decidido parar. Ficamos triste com o fato do carnaval de Campinas ter parado também. Resolvemos voltar agora em 2020, justamente pela carência que a população têm na comemoração do carnaval”. Segundo os dados da Prefeitura de Campinas, atualmente são 52 blocos em atividade espalhados por todos os cantos da cidade.

Para o economista da Associação Comercial e Industrial de Campinas, Laerte Martins, o carnaval é um evento que tem grande potencial para movimentar o comercio e outros setores da economia. Atualmente, em termos econômicos, o carnaval acrescenta pouco. Segundo o economista, para este ano a expectativa é de uma movimentação em torno de R$ 7 milhões. Este valor não deve ter impacto significativo no mês de fevereiro. “Isso significa 23% da movimentação do comércio da cidade, o que evidentemente é muito pouco”, disse.

O sambista, Edson Joia, Campinas tem tudo para se tornar referência na região em termos de desfile de escolas de samba, movimentar a economia e a fomentar o turismo local. “Tem com certeza, porque quando você leva sua cultura com paixão e com verdade, o público se interessa. Aqui tem tudo para ser um potencial atrativo turístico”, acredita. A proposta do sambista,  que preside a Liga Independente das Escolas de Samba de Campinas, é retomar os desfiles em 2021. Para tanto a entidade vai buscar a profissionalização das agremiações. Porém, apesar de ser uma liga independente, vai necessitar do apoio da prefeitura, principalmente com a definição de um espaço para os desfiles. Em 2015, quando ocorreu o último desfile, eram 13 escolas de samba na cidade. Deste total sobraram apenas quatro, a Estrela Dalva, a Ponte Preta Amor Maior, Unidos do Shangai e Majestade do Samba. Edson Joia acredita que com as propostas atuais outras escolas deveram migrar para a nova liga.

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