O Hospital Ouro Verde, de Campinas, tem o segundo maior índice de mortalidade entre todos os hospitais da região metropolitana, com 7,17%, ficando atrás apenas do Hospital Municipal Santo Antônio, de Morungaba, com 8%. Os dados são de um raio-X realizado pelo Tribunal de Contas do Estado, referentes ao período de janeiro a junho de 2019, que analisa 193 hospitais públicos de São Paulo.
O hospital de Morungaba é de porte pequeno, conta com 33 médicos, seis leitos clínicos e três pediátricos. No primeiro semestre de 2019, realizou 33.327 procedimentos, entre atendimentos, consultas e exames. No mesmo período, contabilizou 50 internações e quatro óbitos. Já o Hospital Ouro Verde é de grande porte, tem 536 médicos e realizou 549.130 procedimentos no primeiro semestre de 2019, entre atendimentos, consultas e exames. O complexo tem 215 leitos, entre cirúrgicos, clínicos, pediátricos e complementares, além de 10 leitos do hospital-dia. No período, realizou 5.450 internações e registrou 391 mortes.
Como base de comparação, o Hospital de Clínicas da Unicamp aparece com índice de mortalidade de 4,58%. O HC da Unicamp é também de porte grande com 1.591 médicos em seu corpo clínico e mais de 2 milhões de procedimentos. A unidade de saúde com a menor taxa de mortalidade é o Hospital Municipal Walter Ferrari, de Jaguariúna, com 2,92%.
A unidade é de porte médio, conta com 170 médicos e, no período, realizou quase 300 mil procedimentos. O levantamento foi feito a partir de bases de dados e informações colhidas junto ao Ministério da Saúde e às secretarias estaduais da Saúde e da Fazenda. Do total de hospitais analisados, 53 unidades estão na Capital e 140 em 95 municípios do Estado.
O que a prefeitura diz:
A Prefeitura de Campinas informou que a comparação das taxas de mortalidade entre hospitais de complexidades distintas é tecnicamente equivocada e não representa de maneira adequada o perfil de assistência prestada.
Algumas razões justificam a taxa de mortalidade observada no Hospital Ouro Verde:
1. No Hospital Ouro Verde, os leitos de Terapia Intensiva correspondem a quase 25% do quantitativo de leitos; portanto, temos um significativo percentual de pacientes com patologias cardiovasculares e respiratórias graves, clinicamente instáveis e que requerem cuidados intensivos. Adicionalmente, outros 25% dos leitos são destinados à Enfermaria de Clínica Médica, outro setor cuja faixa etária média costuma ser avançada e o perfil de patologias frequentemente envolve doenças cardíacas, respiratórias e oncológicas em idosos. Estes perfis de pacientes, naturalmente, estão associados um maior risco de mortalidade. Cerca de 70% dos óbitos ocorridos em 2019 foram em pacientes acima de 65 anos; 58% destes, na unidade de terapia intensiva, onde os casos de maior gravidade são admitidos.
2. No Hospital Ouro Verde, 100% dos leitos de internação são regulados pela Central Municipal de Regulação de Leitos Municipal (eventualmente pela Central Estadual). Dessa forma, é frequente que o Hospital receba pacientes provenientes de outros serviços de saúde, em sua maioria idosos, muitos deles com histórico de múltiplas admissões hospitalares e com agravamento da condição clínica, o que impede sua permanência no serviço de menor complexidade assistencial.
Em resumo, o Hospital Ouro Verde tem um perfil de acolhimento de doentes mais idosos, com patologias crônicas e muitas vezes sob cuidados paliativos. Levantamento realizado pela ANS para Hospitais com este perfil encontrou uma média de mortalidade institucional de 18%. Portanto, a taxa do Ouro Verde está dentro da esperada.
http://www.ans.gov.br/images/stories/prestadores/E-EFT-02.pdf