Oitocentas e vinte e duas pessoas vivem nas ruas de Campinas. Os dados da Secretaria de Assistência Social são de 2019. O número representa um aumento de 10% em relação ao censo de 2016 e a porcentagem segue a variação daquele ano.
Precarização, desemprego, conflitos familiares, uso de álcool e drogas e a perda da moradia estão entre as causas da situação. E por isso a titular da pasta, Eliane Jocelaine Pereira, relaciona os resultados à crise econômica dos últimos anos no Brasil.
Outros sinais, segundo ela, são os maiores índices, não detalhados, de pessoas com os ensinos médio e superior completos. “Existem mais pessoas com ensino médio e superior nas ruas devido ao desemprego e aos conflitos familiares. E para nós, o índice de 10% poderia ser maior se não fosse pelos investimentos feitos”, diz.
O levantamento mostra que maioria da população de rua é negra, 67%. Os brancos são 31,3%. Os índios e amarelos, 1,7%. Além disso, 82% são homens, 15% mulheres e 3% LGBTs. Este último dado, aliás, só passou a ser contabilizado na pesquisa.
Para a secretária, os dados comprovam os preconceitos estruturais no País e servem para aperfeiçoar os atendimentos. Mas o censo ainda detalhou os pontos com maior adensamento. A região leste, por conta do centro, tem quase metade, 49%.
Questionada sobre o incômodo entre os comerciantes do local, Eliane Jocelaine Pereira alega que medidas foram adotadas. “Nós sabemos que precisamos reduzir esses impactos. Por isso temos os serviços de abordagem e de saúde. Mas também temos o banheiro público instalado e as operações de segurança”, afirma.
Jocelaine explica ainda que Campinas é usada como caminho para outras cidades e por isso a rotatividade é grande. Por fim, defende o trabalho de voluntários e igrejas, mas entende que as ações precisam ser combinadas junto à secretaria.