A cesta de produtos diminuiu e o brasileiro passou a consumir itens mais básicos por conta dos reflexos financeiros da extensão do isolamento social. Com a piora econômica devido à paralisação de várias atividades, o consumidor parou de fazer estoque. A dinâmica é percebida em todas as classes sociais.
O professor de Economia da PUC-Campinas, Roberto Brito de Carvalho, diz que a mudança segue uma adaptação comportamental das pessoas na pandemia. Se no começo do surto de coronavírus, houve correria e busca excessiva por supermercados, agora as famílias estão focando e fazendo compras pontuais. “No meio de março, foi uma situação disruptiva, porque havia uma dinâmica e as coisas pararam. A busca pelo álcool gel é um exemplo emblemático”, diz.
Ainda de acordo com Carvalho, a população brasileira não está acostumada a ficar confinada como nos países do hemisfério norte, devido ao frio e as nevascas. Devido às recomendações das autoridades sanitárias para que a circulação seja evitada, porém, muita gente passou a repensar e a refletir sobre os gastos.
Mas para o professor, além das restrições e do isolamento social, o fator mais importante é mesmo a redução drástica da renda familiar neste último mês. “Mesmo quem tem recursos está evitando supérfluos. Há uma atenção com o necessário. E pessoas com renda menor controlam pela sobrevivência”, conta.
A comparação comprova a alteração, já que no final de março, em pleno surto, a cesta média incluía linguiça, embutidos, água sanitária e mineral, e frango. No período, perderam espaço itens de higiene, como absorventes, desodorantes e creme dental, que haviam sido estocados no período pré-quarentena. Os detalhes foram levantados pela Kantar, empresa de pesquisa e dados, que mostra ainda uma expansão de 53% na compra de produtos pelo delivery.