Anunciado pela Organização dos Países Produtores de Petróleo em plena pandemia, o corte de 10 bilhões de barris por dia na produção da commodity a partir de primeiro de maio deve respingar no setor sucroalcooleiro brasileiro.
O panorama é traçado pelo presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas e Região, Flávio Campos, que ainda projeta com muita incerteza o cenário do mercado a partir das próximas semanas.
Para ele, algumas mudanças já foram sentidas nos postos de combustíveis desde o início do surto de coronavírus no mundo e principalmente depois da chegada ao Brasil. Os preços cobrados nas bombas, por exemplo, tiveram retração.
“Se o petróleo cair a níveis mais baixos ainda, vai inviabilizar o setor sucroalcooleiro, que pode nem se reerguer. E o preço caiu nas bombas por causa da queda do petróleo. Mas é difícil saber como ficará o mercado global”, diz.
Campos também alega não acreditar na efetividade total das medidas da Opep. Além dos 10 bilhões de barris inicialmente, os cortes serão depois reduzidos para oito milhões e seis milhões. A previsão é que isso ocorra até abril de 2022.
O motivo é a demanda pelo petróleo, que está em queda livre devido às restrições de circulação em grande parte dos países. E como a crise vivida atualmente é inédita, o presidente do Recap faz outras projeções pessimistas.
Entre elas, cita a incerteza por conta das perdas sentidas pelos postos de combustíveis de Campinas. A queda nas vendas chegou a 70% em alguns estabelecimentos e o problema é que o surto no País pode estar no começo.
“O setor está em uma situação crítica. Há postos que chegaram a ter 70% de queda. E isso dá pra aguentar por um, ou dois meses se o empresário recorrer a bancos pra pagar os funcionários. Mas o temor é que se estenda”, lamenta ele.
