Para a médica epidemiologista da faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Raquel Stucchi, o retorno do isolamento previsto por Campinas para 4 de maio é precipitado. Já o dia 10, divulgado pelo estado, é o mínimo para medir os dados.
Apesar da taxa de mortalidade de 10,8 casos a cada um milhão de habitantes e da ocupação de leitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave inferior aos 20% no município, ela acredita que essas informações podem não refletir a realidade.
Stucchi defende que o prazo de 14 dias a partir desta semana é o mínimo ideal para absorver o índice de pessoas em casa, a aplicação de testes e o avanço da contaminação, já que a cidade tem atualmente resultados defasados da doença.
“Muitos especialistas enxergam que Campinas está de 10 a 14 dias atrás dos números da capital paulista, que são muito graves. E então podemos ter uma onda muito próxima de lá. Então, o dia 10 dá mais segurança pra pensar”, diz.
A professora também argumenta que a próxima semana será importante para medir os níveis de contágio nos dias anteriores, quando a porcentagem de circulação de pessoas no município chegou a 50% na Páscoa, por exemplo.
“Se a gente considera o período de transmissão de 14 dias, na semana de 4 a 8 de maio nós teremos uma ideia do que aconteceu de fato na transmissão de 10 a 14 dias anteriores. E isso dá uma segurança pra avaliar a reabertura”, opina ela.
Além das centenas de amostras de possíveis infectados que aguardam análise e do nível baixo de respeito à quarentena, a proximidade com algumas cidades também é citada por Stucchi como motivo de preocupação para a reabertura.
Como Campinas tem atualmente 40% dos leitos de UTI ocupados por moradores de outros municípios e muitos locais flexibilizaram o funcionamento do comércio, ela teme que o panorama de saturação possa estar mais próximo.