Presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, rebateu as acusações feitas pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, de que os chefes do executivo das cidades brasileiras teriam tomado decisões sobre o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus sem seguir as orientações vindas do Planalto. Desde que houve a troca no Ministério da Saúde, Bolsonaro vem afirmando que as medidas adotadas pelas cidades, como o fechamento do comércio, não haviam seguido nenhuma recomendação do Governo Federal.
Em uma live nas redes sociais, Jonas rebateu as palavras do presidente, apresentando um documento em que o Conselho Nacional de Saúde, órgão do Ministério da Saúde, recomendava diretamente aos municípios para que adotassem a quarentena. No documento, emitido no dia 13 de abril, há o pedido para que ‘os prefeitos dos municípios brasileiros, reforcem ou implementem medidas que possibilitem o afastamento social e que não permitam aglomerações de pessoas como forma de diminuir a disseminação do coronavírus e evitar o colapso do sistema de saúde’.
Jonas Donizette afirma que a mensagem reforça as medidas tomadas pelos municípios no enfrentamento da pandemia. “Presidente, isso aqui é um documento oficial do Governo Federal, orientando os prefeitos a fazerem justamente o que estão fazendo. O documento manda ainda reforçar (as medidas já tomadas). Então está aqui (o documento), é o símbolo, o brasão da República, o Conselho responde direto ao Presidente da República. Então nenhum prefeito está fazendo da própria cabeça ou porque achou que deveria fazer. É uma orientação”, afirmou.
Ainda na live, Jonas comentou sobre a situação do comércio, que segue fechado enquanto durar o período de quarentena no estado. Com a decisão de reabertura das óticas, reclassificadas como serviços essenciais, o chefe do executivo municipal disse ainda que houve muita especulação, principalmente durante os finais de semana, de que o município estaria atendendo a diversos pedidos de abertura de lojas e estabelecimentos. Jonas Donizette negou que isso estaria acontecendo e garantiu que qualquer decisão nesse sentido passaria necessariamente pelo Comitê Municipal Covid-19. “Eu estou ouvindo muita gente dizer que fulano pediu e o prefeito atendeu. Eu não vou autorizar nenhum pedido que seja pessoal ou de instituições que não passem pelo Comitê Municipal Covid-19 que eu criei. É verdade que as óticas vão reabrir na quarta-feira. Mas houve uma análise criteriosa feita pelo comitê, que justificou a reabertura como essencial, já que médicos e outros profissionais precisam de óculos para trabalhar”, disse.
Outro ponto abordado pelo prefeito na transmissão, disse respeito ao Hospital de Campanha, que começa a ser montado na sede dos Patrulheiros no bairro Parque Itália, ao lado do Hospital Mário Gatti. O prefeito estava em companhia do presidente da Rede Mário Gatti, Marcos Pimenta, que afirmou que todas as pendências jurídicas foram resolvidas e que o Hospital de Campanha deve ganhar corpo nos próximos dias, com um número de leitos maior do que o previsto. “Conseguimos superar na semana passada todos os entraves jurídicos, tanto na cessão do espaço dos patrulheiros, quanto à ONG que nos cedeu os equipamentos. Deste modo começamos a montagem do Hospital de Campanha nesta segunda-feira. Já começamos a receber os equipamentos e passaremos a ter 114 leitos”, afirmou. Inicialmente, a previsão era de 108 leitos disponíveis no Hospital de Campanha, em Campinas. Agora, os responsáveis pela saúde pública do município afirmam que este número será de 114.