O susto com a covid-19 fez o mercado financeiro viver semanas de incertezas após a euforia no fim de 2019 e início de 2020, mas parece ter sido absorvido. O diagnóstico é do diretor e assessor de investimentos da Manhattan, Rafael Nogueira, que agora prega calma para a identificação de boas oportunidades.
Mesmo depois de a bolsa brasileira ficar a 5% de perder os 60 mil pontos e o dólar bater R$ 5,30 nos últimos dias, ele rechaça qualquer reação emocional. “O pânico foi quando a gente chegou naqueles 63 mil pontos na bolsa. E no pânico, as pessoas tendem a se desfazer de excelentes oportunidades”, alega.
Rafael chama de incongruente a decisão de vender ativos em meio a momentos críticos como a pandemia e crava que o certo deveria ser o oposto: a compra. A receita básica, segundo ele, é a busca por barganhas em situações incertas e apostar na venda na calmaria, quando haverá investidores dispostos a pagar.
O diretor da Manhattan Investimentos ainda identifica que o panorama atual pede o uso das reservas de liquidez e a manutenção das apostas de médio prazo. “Se você tem uma reserva de liquidez, esse é o momento de usar. Mas não pode se desfazer do investimento de médio prazo devido a emoção”, opina ele.
Rafael Nogueira também cita o papel das petrolíferas na dinâmica durante o avanço das medidas de restrição contra o coronavírus no Brasil e no mundo. No dia 12, a Organização dos Países Produtores de Petróleo e aliados concordaram em cortar 10 bilhões de barris por dia a partir de 1º de maio.
Os cortes são depois reduzidos para 8 milhões e 6 milhões, durando até abril de 2022. A medida foi tomada pela Opep para dar conta da demanda em queda. Na visão do especialista, a chamada “crise do petróleo” ajudou a reforçar a queda dos mercados justamente pela cotação das empresas na bolsa de valores.
