O médico infectologista da São Leopoldo Mandic, André Ribas Freitas, explicou melhor a definição da OMS sobre o papel de assintomáticos e pré-sintomáticos na transmissão do coronavírus. O assunto causou confusão nos últimos dias.
Ribas diz que a fala da responsável técnica pelo grupo de combate à covid-19 da Organização Mundial da Saúde e também infectologista, Maria Van Kerkhove, foi falha por dar a entender que o contágio por assintomáticos seria “raro”.
“Não ficou muito claro. Honestamente, me parece que houve um erro de comunicação, porque o consenso era pela transmissão dos pré-sintomáticos e o papel dos assintomáticos gerava dúvida. Acho que ela se referiu a isso”, diz.
Segundo ele, ao contrário do que foi entendido e difundido pela imprensa e parte da população, os assintomáticos também contaminam outras pessoas, mas teriam papel menor do que os pré-sintomáticos na cadeia de disseminação.
Enquanto o primeiro grupo não desenvolve sintoma em qualquer momento da infecção, o segundo está ainda no período de incubação, antes do organismo apresentar indícios da doença, e por isso oferece risco de ampliar a transmissão.
“Os pacientes que estão ainda sem sintomas transmitem. E não é pouco. Cerca de 40% da transmissão se dá antes de qualquer indício de sintoma. É baseado nisso que a gente recomenda máscara para quem tem ou não sintomas”, afirma.
No entendimento do doutor André Ribas Freitas, a falha na comunicação é arriscada em um momento como esse, já que gera dúvidas e pode induzir muitas pessoas a descartarem o uso de máscaras, o que pioraria a pandemia.