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Campinas completa quatro meses de quarentena

O dia a dia da cidade mudou e grande parte da população já se adaptou a nova realidade imposta pela pandemia do coronavírus. Nesta quinta-feira, 23, Campinas completa quatro meses de quarentena. Desde o final do ano passado, o contágio pelo novo coronavírus começou a ganhar contornos dramáticos e em fevereiro, as situações da Itália e do Reino Unido geravam comoção mundial. Aos poucos, o coronavírus começou a chegar no Brasil e as autoridades perceberam que precisariam tomar medidas para evitar um colapso do serviço de saúde.

No dia 12 de março, foi tomada a primeira decisão que mudaria a rotina de Campinas: a suspensão das aulas na Unicamp. Foi a primeira universidade do país que optou pela interrupção das atividades presenciais. O reitor Marcelo Knobel disse na ocasião que o objetivo era evitar que a velocidade de contaminação pelo vírus fosse alta, o que poderia sobrecarregar o sistema de saúde. “É buscar contribuir com a saúde pública, na região de Campinas e evitar o alastramento muito rápido da doença. Certamente ela chegará. Se ela vier muito rápido, certamente a gente terá um pico de casos e vai ter uma sobrecarga na rede de saúde”, disse.

No dia seguinte ao anúncio da Unicamp, Campinas registrava o primeiro caso da doença em uma universitária, de outra instituição de ensino. Dez dias depois, em 23 de março, a prefeitura decretava a quarentena no município, antecipando em um dia a decisão do estado. Eram nove casos de covid-19 naquela ocasião. O prefeito Jonas Donizette explicava que apenas os serviços essenciais teriam permissão para funcionar. “O decreto diz o seguinte: nós estamos impondo a quarentena também a Campinas, só que com um dia de antecedência. O que isso determina? Só funcionará o comércio que seja essencial para a população”, afirmou.

Assim que foram anunciadas as restrições, com o estado e os municípios tomando o protagonismo das ações contra o coronavírus, começou uma guerra política envolvendo todas as esferas de governo. As declarações do presidente Jair Bolsonaro, que minimizavam a gravidade da pandemia, repercutiam nas ações locais. O prefeito de Campinas chegou a pedir ao presidente da República em uma teleconferência o reconhecimento de que a situação era crítica. “Eu pediria que nas suas palavras, acho que o senhor já fez isso no Twitter, que o senhor falasse que realmente é uma situação grave. Independente do alarmismo, eu sei que pode existir isso, mas nesse momento é melhor a gente pecar para mais do que para menos”, disse para o presidente.

Em meio a guerra política que se instaurou no país, a Câmara de Campinas realizou sua última sessão presencial no dia 24 de março. Os encontros passaram a ocorrer de forma extraordinária e on-line. No mesmo dia, uma boa notícia: o Hospital da PUC-Campinas anunciava a recuperação total da primeira paciente com covid-19.

Quando a quarentena passou a vigorar no município, vieram os questionamentos de ordem econômica. O Ciesp veio a público pedir a redução de impostos, para garantir a sobrevivência das pequenas e médias empresas, como afirmou o diretor regional da entidade, José Nunes Filho. “Precisamos que o governo pare a cobrança de impostos. O governo federal está fazendo isso com o Simples. Enquanto isso os impostos estaduais e municipais continuam sendo cobrados. Então é importante que estados e municípios também suspendam a cobrança de impostos para que as empresas não sofram mais ainda durante este período”, defendeu.

Ao mesmo tempo, um dos setores mais prejudicados pela quarentena, o de bares e restaurantes planejava o futuro, visando minimizar as perdas que já eram esperadas. A saída para contornar a crise era apostar no delivery e no drive thru. O comerciante Thiago Peixoto, que tem um empório no Jardim Nova Europa, não usava nenhum dos dois sistemas, mas adotou os procedimentos para sobreviver. “Nós começamos o sistema de delivery na sexta-feira passada, até então nós não tínhamos o sistema de entrega e implantamos aqui o drive thru. Com isso, a gente visa minimizar o contato da nossa equipe com o cliente, preservando assim a todos”.

Outro setor fortemente impactado pela pandemia foi a aviação civil. Ainda em março, a CBN Campinas noticiava em uma reportagem da jornalista Valéria Hein a queda no número de voos em Viracopos.

“A pandemia de covid-19 e a quarentena decretada pelo Governo do Estado de São Paulo reduziu para mais da metade os voos no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. De acordo com dados da concessionária que administra o Aeroporto, a queda na movimentação de passageiros foi, em média, de 53% para voos domésticos e 58% para os internacionais”, dizia a reportagem.

O mês de abril serviu para que os números da pandemia crescessem. Até o dia 28 daquele mês, a cidade tinha 310 casos confirmados da doença e 14 óbitos. O período inicial de quarenta foi sendo adiado indefinidamente e persiste até hoje. Em maio, os casos seguiram em alta e no dia 26 daquele mês, Campinas já tinha confirmado de 1.259 casos de covid-19, com 62 mortes. Em 28 de maio, o governo paulista apresentou o plano São Paulo de retomada da economia, onde as regiões administrativas do estado seriam classificadas por cores, que definem se e como os comércios podem reabrir. Na ocasião, o governador João Doria, afirmou que todas as cidades seriam monitoradas. Parte do princípio da colaboração de todos. E da ajuda conjunta. E parte também do princípio que nós estaremos monitorando dia a dia a evolução do processo”, disse.

Na fase laranja, Campinas foi autorizada a reabrir seu comércio com restrições e no dia 08 de junho, uma verdadeira multidão tomou os shoppings e o calçadão da Rua 13 de Maio. No tradicional ponto do comércio central da cidade, o repórter da CBN, Marco Guarizzo, revelou que havia tanta gente na rua, que parecia um dia comum, sem pandemia. Aglomerações que lembram um dia sem pandemia. Algumas lojas, especialmente de grandes redes e de telefonia celular ainda formavam filas na porta”. Com tanta gente na rua, os casos tiveram um aumento significativo em apenas duas semanas, o que levou o poder público municipal e determinar o fechamento das atividades não essenciais.

Quando a cidade autorizou a reabertura no dia 8 de junho, quando já eram 2.632 casos de covid-19 confirmados. No dia 22 de junho, quando a prefeitura reviu o funcionamento comercial, eram 5.751. Em apenas duas semanas, o aumento foi de 118%. No plano São Paulo, Campinas regrediu para a fase vermelha, onde está até hoje. De junho até aqui, os dados continuam crescendo. Ao completar quatro meses de quarentena, Campinas soma quase 14,5 mil e 578 óbitos. Nas últimas semanas, a taxa de ocupação de UTI ficou acima dos 85% e pacientes da região estão sendo transferidos para o Hospital de Campanha do Ibirapuera, na capital. Ainda sem definição sobre o funcionamento do comércio e com a pandemia em crescimento, Campinas segue sua rotina com limitações impostas pelas medidas de combate ao coronavírus.

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