Para o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, o Cepea, Tiago Bernardino de Carvalho, a suspensão pela China de importações de três processadores de carne brasileiros exige atenção.
Na opinião dele, a medida, adotada pelos asiáticos por conta do surto de coronavírus em solo brasileiro, tem também relação com a negociação comercial entre os dois países, já que é comum que se tente ajustar os preços.
“Tem a precaução em relação à pandemia, mas tem também a valorização de preço e a tentativa de renegociar. Então, existe a chance de contaminação, mas temos que lembrar que a China habilitou 89 frigoríficos até 2019”, diz.
Ao todo, 44 processadores habilitados são de frango, 12 de suínos e 32 de bovinos. Com isso, Carvalho entende a apreensão pela suspensão de três deles, mas pondera que o comércio atual com a China segue bastante forte.
“Esses três frigoríficos suspensos causam apreensão pela necessidade de cuidado sanitário com o produto, mas o Brasil tem um comércio com a China muito mais forte do que esse problema com esses locais aponta”, define.
A confirmação sobre a medida foi feita pelo Ministério da Agricultura, que não detalhou quais fábricas foram afetadas, mas alegou que “suspendeu voluntariamente” um estabelecimento que não atendeu medidas de prevenção.