Entidades ligadas à saúde demonstraram preocupação com os números do inquérito sorológico apresentado pela prefeitura de Campinas nesta sexta-feira, 04. O balanço da secretaria de saúde apontou que do total de quase 12,4 mil profissionais do setor, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e demais trabalhadores de hospitais, 1,3 mil testaram positivo para a covid-19. Isso representa pouco mais de 10% dos trabalhadores da saúde infectados pelo coronavírus.
As entidades de classe se mostraram assustadas com os números e cobraram da prefeitura medidas mais eficazes para impedir o avanço da doença entre os profissionais que atuam na linha de frente contra a covid-19. O coordenador da secretaria executiva do conselho municipal de saúde, Roberto Mardem, acredita que faltou sensibilidade da prefeitura em relação à situação dos profissionais da área. Segundo ele, a administração deveria ter tomado algumas providências que pudessem aliviar a vida dos trabalhadores. “Na nossa avaliação, a prefeitura poderia ter tido mais sensibilidade com os trabalhadores e ter feito mais algumas coisas que poderia ter diminuído essa taxa de contaminação. Por exemplo, sugerimos durante muito tempo contratações emergenciais, não só da Rede Mário Gatti, mas também da atenção básica. Isso permitiria, por exemplo, jornadas mais flexíveis, liberar trabalhadores mais velhos para trabalhar em casa, o que não foi feito”, explica.
Já a presidente do sindicato da saúde, Sofia Rodrigues do Nascimento, lamenta o índice apontado pelo inquérito, mas disse não se surpreender. Segundo ela, com a atual condição de trabalho dos profissionais de saúde, era natural que houvesse um número grande de contaminados. “Com relação aos 10% dos trabalhadores da saúde infectados, é natural que a gente veja esse número grande, infelizmente. Porque são trabalhadores que estão na linha de frente, no dia a dia, na luta contra a covid-19, arriscando a própria vida e contaminando cada vez mais”, afirma.
Em outras ocasiões, a prefeitura de Campinas reforçou que segue todos os protocolos de segurança dos servidores da saúde. Todos os profissionais da rede municipal que fazem parte dos grupos de risco estão afastados ou exercendo funções administrativas. Já em relação aos testes, os profissionais de saúde fazem os exames e são afastados sempre que apresentam os sintomas. Todos os servidores que têm contato com casos suspeitos também são testados.
